Considero, desde há muito, que a regulamentação do trânsito de Peniche tem sido o “patinho feio” de todos os executivos que têm passado pela Câmara Municipal.
Ao longo dos tempos - e falo em mais de trinta anos – a sua gestão como pelouro, as comissões constituídas, e os estudos feitos/mandados fazer pelo município, tiveram como resultado prático uma série de opções reguladoras avulsas, naturalmente questionáveis e, pior que isso, de eficácia duvidosa ou obsoletas, mas teimosamente persistidas.
Não fossem a marcação de estacionamentos, a tentativa de vedar o trânsito no Centro comercial da cidade, a espécie de arranjo sinalético fronteiro à escola primária número um, a melhoria de acessibilidade dos deficientes às passadeiras de peões, e o investimento municipal digno de registo na área do trânsito da cidade, ficar-se-ia pela dezena de rotundas recém-construídas : indicador que a “moda” tornou dos mais fiáveis na (auto)avaliação da capacidade empreendedora dos municípios portugueses.
Entretanto, por resolver continuam “velhos” problemas como o das prioridades e travessia de peões na mini-rotunda do Jardim de Infância da Colónia Balnear, o do congestionamento em horas de ponta no cruzamento das ruas Arqº Paulino Montez com a Humberto Delgado e Heróis do Ultramar (ambos, curiosamente, junto a escolas e à PSP) ou o da circulação de peões na rua 13 de Infantaria.
Como se tanto não bastasse, é verdade também que a indisciplina mostrada no cumprimento do Código da Estrada completa o desleixo reinante. Basta assistir, por exemplo, a qualquer hora de qualquer dia, ao desrespeito constante dos sinais de trânsito que regulam o percurso do Largo 5 de Outubro / Largo D. Pedro V / Rua José Estêvão… a ignorância fingida de uns, o atrevimento de outros e a prepotência de muitos, raríssimas vezes são penalizadas: ou porque há quem veja e não pode, ou porque quem pode não vê ou não quer ver - como parece ser o caso, tantas são as reclamações…
Este é, pois, um dos capítulos indiciadores do crescimento da mediocridade em Peniche. E, se quem tem o dever de corrigir este rumo o não fizer, apesar dos reparos e reclamações, então sugiro que se altere a toponímia da zona: se calhar seria mais condizente Largo 28 de Maio, Largo Salazar e Rua Francisco Esperto. Ou, facilitando, bastava retirar os sinais proibitivos e admitir a derrota do bom senso.
Gloria victis !