quinta-feira, 30 de abril de 2009

Atchim .... Oinc, Oinc !!!

Com a devida vénia ao Prof. João Vasconcelos Costa - Doutor e agregado em Medicina (Microbiologia):

"Na história da gripe, o aparecimento das grandes epidemias mundiais (pandemias) foi quase sempre por adaptação ao homem de vírus suínos da gripe. Por isto, as expectativas em relação ao vírus aviário H5N1 (sigla que identifica os dois principais antigénios do vírus, e que definem se temos ou não imunidade contra ele) eram a de, com alguma probabilidade, na situação do Extremo Oriente de grande concentração conjunta de aves, porcos e humanos, o vírus aviário H5N1 passar para o porco e deste para o homem, adquirindo capacidade de transmissão homem a homem.

Afinal, como tantas vezes acontece na emergência de novos vírus, a situação foi surpreendentemente diferente.

O que aparece é um novo vírus humano - insisto, humano, transmissível de homem a homem - com origem no porco mas no outro lado do globo, no México.

Também não é um H5N1 e por isto, como eu e muitos escrevemos na altura, era tolice
investir em vacinas contra um vírus que ninguém sabia o que viria aser - mas sim um H1N1, desaparecido da história da virologia há quaseum século.

Foi o tipo de vírus que causou a terrível pandemia de 1918, a espanhola, que matou mais gente na Europa do que a guerra mundial que tinha terminado pouco antes.

É certo que tem havido, nos últimos invernos, algumas infecções com H1N1, mas não é o tipo hoje mais vulgar e nada garante que o novo vírus seja neutralizado por vacinação com os últimos H1N1 circulantes.

Hoje, os dados oficiais mexicanos revelam cerca de 1300 infectados com 81 mortes, uma taxa de letalidade já considerável. Também já há casos nos EUA.

O que significa isto? Não quero ser alarmista, mas os meus leitores têm o direito ao que de mais objectivo eu, especialista, possa dizer.Considero uma situação muito preocupante, porque estamos perante condições muito diferentes do que eram as tradicionais na emergência de novas pandemias de gripe.

A sua origem não é em zonas rurais da Ásia mas sim numa área metropolitana de 20 milhões de pessoas, em estreito contacto favorecedor de transmissão por via respiratória.

Em segundo lugar, os vírus hoje viajam de avião.

Finalmente, como disse atrás, trata-se de um tipo de vírus contra o qual há dezenas de anos
que não há qualquer resistência imune nem há vacinas rapidamente disponíveis.
Que fazer, em Portugal? Para já, a nível individual, nada.

A nível das autoridades de saúde, vigilância, controlo a nível de medicina das viagens, planeamento desde já de condições de hospitalização e isolamento de milhares de possíveis doentes (atenção, vai ser a esta escala, transformando a FIL em hospital).

O que faria agora eu, como indivíduo?

Obviamente, cancelar qualquer viagem marcada para o México ou para o sul dos EUA. Informar-me junto do meu médico sobre todos os sinais de alerta, os sintomas da gripe, que muita gente confunde com os de uma vulgar constipação.

Se começar a haver casos em Portugal, usar máscara, deixar de frequentar locais com muita gente, isolar em casa, como prisioneiros, os nossos pais septuagenários. E, se a religião ajuda, rezar frequentemente.

Mas também ter em conta que o mesmo progresso e actual modo de vida que nos vai trazer o vírus de avião também vai permitir o diagnóstico muito precoce da doença, a produção limitada mas razoável de medicamentos e de vacinas."

Para:
- Telefonar : 808 24 24 24.


quarta-feira, 29 de abril de 2009

Dança com líbidos

Estamos em tempo de bailação.
O fandango em que vivem os portugueses que não dependem da chula política, está a causar-lhes o kuduro.
Por isso, é muito provável o corridinho para as ofertas de alternativas partidárias a ver se a coisa vira.
Mas, pelos "músicos" que para aí andam, isto vai de roda, vai de roda e, no fim, vamos de novo bailar o malhão! (assim com'assim...)
.

Folclore à parte, a minha proposta de celebração do dia Mundial da Dança, é qualquer coisa de diferente.
Apreciem (ou não) !!!

terça-feira, 28 de abril de 2009

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ideias à margem ...

As minhas duas últimas postagens revelam o quanto valorizo a Revolução do 25 de Abril.
Por isso, tenho procurado, anualmente, celebrar simbólicamente o seu aniversário como forma de homenagear todos quantos, antes e depois, se bateram pelo regresso da Democracia, pelo cumprimento da Descolonização e pelo Desenvolvimento do nosso país.
Nos últimos vinte anos, a minha disponibilidade cívica, tem-me permitido acompanhar de perto a mais formal comemoração local da efeméride, ou seja, a sessão solene da Assembleia Municipal de Peniche - assim como que uma missa por intenção de.
É neste dia que, invariávelmente, a oratória partidária distribui aplausos e criticas
ao Poder, conforme o lado (político) de que se esteja. E que gosto dá (?) assistir à "leitura" de circulares repescadas de anos anteriores, de actos de contrição ou de travestidas evocações históricas do "antigamente" ...
Não fossem algumas ideias à margem que, de quando em vez, agitam a excessiva solenidade desta Assembleia e, francamente, a sessão mais pareceria uma missa por alma de.
E falo exactamente do Rogério Cação, actor militante da Cultura e político de convicçõe
s, mas um homem de mente aberta, que utiliza sem qualquer preconceito ideológico. E, talvez por isso, consiga (tem-no feito nos últimos anos) mostrar formas sempre diferentes de comemorar o 25 de Abril de 1974 e homenagear o MFA.
Este ano não foi excepção. A eloquência e o fundo cultural da sua intervenção fizeram, de facto, sentir aos presentes que, comemorar assim Abril, é muito mais interessante e gratificante do que o propagandear a partidarização da Revolução dos Cravo
s.
É nestas ideias, à margem, que o Rogério faz a diferença.
Aponta aí !

domingo, 26 de abril de 2009

Onde é que estavas em 26 de Abril ?

Há 35 anos eu estava onde, precisamente, esta hora do dia se chamava "hora sexual". Durante duas horas tinha de estar pronto para a acção, pois, se elas viessem, não podia estar desprevenido: tinha de reagir imediatamente, caso contrário, era o fim ...
Estava em Chugué, na vala de acesso ao meu abrigo de guerra (um buraco no solo com um tecto de quatro toros de árvore pau sangue), aguardando vigilante que passassem as duas horas de prevenção total - cumprindo as regras militares e as do bom senso, face à permanente iminência de ataques e bombardeamentos das tropas do PAIGC na zona do Tombali - Guiné Bissau.
Posto o sol, a descompressão ia ganhando ânimo entre aquele monte de gente de morte encomendada. O meu hábito de tentar saber notícias pelas ondas curtas da rádio teve sorte. Numa emissora de lingua francesa consegui ouvir as notícias do meu país.
Assim que as percebi (sabedor que já era do Março em Caldas da Rainha) gritei para a minha gente: "pessoal, há reviravolta em Lisboa, parece ser coisa grande, se calhar, vamos saír daqui com vida..."
Depois, seguiram-se horas angustiantes tentando confirmações por todas as ondas da rádio, por tudo quanto eram comunicações militares. A cinco minutos da meia-noite, finalmente, o Menezes dos fuzileiros "abriu o livro" na primeira página: o 25 de Abril e o MFA foram sucintamente explicados e assim resumidos: "a guerra vai acabar, vamos pra casa !"
E, mesmo sem o cessar fogo ordenado, para todos nós, os de infantaria, de artilharia e fuzileiros que ali estávamos, a partir desse dia: "guérra cába pâ nôs".

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O muro (dos) sem vergonha

Zara Dentinhos e Xico Picasso conheceram-se numa cena curiosa, passada em frente a uma parede exterior da fábrica de conservas do Fialho em Peniche e em Abril de 1975.
Tudo começou quando, poucos minutos após Zara Dentinhos ter escrito no muro "Força, força companheiro Vasco", Xico Picasso - pintor a metro de profissão, que por ali passava diáriamente - sacou do seu pincel e, rápidamente (não fossem os "controleiros" aparecer) apagou as cedilhas das palavras força.
Satisfeito com o resultado da sua oudasia, saltou
para a bicicleta e, quando ia dar a primeira pedalada, enfrentou-se com aquela rapagona de metro e setenta de altura, cheia por todo o lado, que nada dizendo, o impedia de avançar.
- Sai da frente ó comuna!- gritou Xico Picasso.
- Era o que faltava, reaça piroso. Só se passares por cima de mim!- retorquiu Zara Dentinhos.
E ele passou...
E, em Agosto - no domingo da festa de NªSª da Boa Viagem - casaram-se.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Pepe (i)legal

Ontem, lembrei-me do Pepe - figura animada que, com o seu par Babalu, constituia a dupla menos temível da cena televisiva dos anos sessenta, mas que, nem por isso, deixava de ser um dos preferidos da miudagem da época.
Lembrei-me do Pepe Legal, porque vi o registo da agressão inqualificável protagonizada por outro Pepe - um daqueles figurões pagos (e de que maneira !) para, simplesmente, jogar à bola.
Hoje, no jornal espanhol
Marca, Pepe confessa: "No tengo ganas de volver a jugar al fútbol".
Pois.Mas, entretanto, já os espanhois tiveram ganas de dizer: brasileiro-portugues de mierda!!!