sexta-feira, 29 de abril de 2016

A rata da Estrela

Fazia parte da santa paz doméstica. Por isso os donos de ZéJó, sempre depois do jantar, cumpriam o ritual diário de deixar o cão ir à rua. 
Mas naquela noite a volta iria ser maior. Café dos gatos? Ouvira na televisão. Como seria? 
A curiosidade levou-o à aventura.
Passeada a Calçada da Estrela, ei-lo à entrada do célebre Café da moda - frente a frente com uma bela gata siamesa que, repentinamente assanhada, saiu numa correria louca atrás de uma enorme rata negra que, ainda mais curiosa que ZéJó, arriscara espreitar o antro felino. 
Não conseguindo resistir aos instintos, ZéJó entrou naquele desafio.
Meia hora depois, em pleno jardim da Estrela, a siamesa cansou; desistiu da corrida e voltou para os amigos sem se aperceber que a rata jazia completamente estourada dali a pouco mais de um salto. 
Então, ZéJó, temendo o pior, farejou as sardinheiras uma a uma até encontrar a rata negra que, prostrada, arfava ruidosamente como que prenunciando o fim. 
Apesar de matreiro, o nosso cão acreditou na encenação à vista. Logo, nada mais lhe restando senão um último consolo amigo: beijou a rata. 



quinta-feira, 28 de abril de 2016

Penicheiradas

É (cada vez mais) claro que ser penicheiro "fora da caixa" tem estes dramas, mas sempre que passo à estrutura que flutua, imprestável, no ex-campo do Baluarte do Fosso das Muralhas, abdico da respeito devido a certas pessoas pelos cargos que desempenham e, ainda que mentalmente, agrido-as com a maior veemência dos meus vocábulos ácidos, de que a palavra incompetentes é a mais suave.
Mas depois, quando a gente se depara com a elementaridade de possíveis soluções para a utilização desse espaço - aí a acidez bate mais forte, talvez ainda mais forte do que "bate o tambor..."








terça-feira, 26 de abril de 2016

Vícios e escravaturas

Há já algum tempo que sigo o fenómeno da música hip hop belga, o rapper, Stromae - famoso pela forma sagaz e descontraída como divulga as suas críticas contundentes, ora combinando-as com músicas de sua autoria ou adaptando-as a temas conhecidos.  
Senão, veja-se este clipe animado da famosa Carmen em que Stromae questiona o hiperconsumismo e a (in)sociabilidade das redes sociais, às quais dedicamos tanto tempo. Segundo ele, os contactos que fazemos em sites como o Twitter e o Facebook não passam de ilusões de relação e afeto – no fundo, estamos sozinhos. “O amor é como o pássaro do Twitter. Apaixonamo-nos por ele, apenas por 48 horas. Primeiro registamo-nos, e depois seguimo-lo. Viciamo-nos, correndo o risco de acabarmos sózinhos" diz a letra.


segunda-feira, 25 de abril de 2016

O 25 de Abril para tótós

Quarenta e dois anos passados, tenho para mim que a melhor forma de explicar o 25 de Abril de 1974  a quem, porventura, ainda não o percebeu e/ou quis perceber, é recordar as verdadeiras razões da sua ocorrência. 

domingo, 24 de abril de 2016

Lá isso (ainda) é


O fascismo é uma minhoca (não é? lá isso é) 
 que se infiltra na maçã (não é? lá isso é) 
 ou vem com botas cardadas 
 ou com pèzinhos de lã  
...
  Há partidos de direita (não há? lá isso há) 
que põem sempre a bola ao centro (não é? lá isso é)  
mas quem melhor os fintar 
 é que vai marcar o tento 
...
E mesmo que nos tentassem calar o pio
Não adiantava que a gente cantava mesmo assim
la la la la la la la la, (não é? lá isso é)
la la la la la la la la, (não é? lá isso é)

sábado, 23 de abril de 2016

O Ferrari do Colombo


Ao deparar-me hoje no C.C.Colombo com esta inacreditável promoção, perguntei-me: será que a PT não terá outro agente de vendas melhor para a venda do MEO/fibra4.O?


Será que, depois do que se sabe sobre este conhecido amnésico "comendador Ferrari da gestão empresarial", ele continuará a merecer a confiança dos portugueses?
Afinal, onde está a linha que separa? 


quarta-feira, 20 de abril de 2016

O Roque (Santeiro) e a Amiga


Na pátria da cultura mais anti-comunista do mundo, os gringos (como os brasileiros chamam aos norte-americanos) acham estranha essa telenovela do Impeachment. Esquisito, não?


terça-feira, 19 de abril de 2016

Bruchelas








Bruchelas era a gaja mais conhecida na cerca do Zé Gago.

Não pelo que dava, mas pelo que pedia. 

Não quando era meiga, só quando batia... 

domingo, 17 de abril de 2016

Poesia no meu quintal





Os passarinhos / Tão engraçados,
Fazem os ninhos / Com mil cuidados.

São p’ra os filhinhos / Que estão p’ra ter
Que os passarinhos / Os vão fazer.

Nos bicos trazem / Coisas pequenas,
E os ninhos fazem / De musgo e penas.
(Afonso Lopes Vieira)


sábado, 16 de abril de 2016

Vozes da pesada


Hoje, quando alguém por aí anunciava o dia da Voz, lembrei-me de um preconceito que venci há muito pouco tempo sobre os seus poderes, especialmente, o de nos despertar sentimentos.
Se, em boa verdade, até há uns meses atrás, o meu gosto pelo heavy metal pouco mais admitia que ouvir algum Till Lindemann/Rammstein (depois de traduzido, claro!), um dia destes, encontrei-me virtualmente com Ivan Moody/Five Finger Death Punch e, sinceramente, comecei a sentir esvair-se algum do "preconceito da música barulhenta" tão comum à malta da minha idade. 
"Afinal estes gajos também têm conteúdo!" - admiti. E como a força da voz completa a força da música e da letra!? Experimentem lá...!

I've given up
On society 
Up on my family
Up on your social decease
I've given up
On the industry
Up on democracy
Done with all your hypocrisy 
All the decay 
I see all of the lies 
I hate it 
I'm wasting here 
Can anyone 
Wash it all away 
I'm waiting here 
For anyone 
To wash it all away 
Wash it all away 
...


sexta-feira, 15 de abril de 2016

A anedota do Bloco (ou o Bloco de anedotas?)




Será que, por respeito ao "género", ACosta vai ser obrigado a alterar o menu dos pequenos almoços com a malta do BE e, em vez de uma bica e um queque, pedirá um bico e uma queca?

quinta-feira, 7 de abril de 2016

O mar, a rocha... e o mexilhão

"Quando o Banco de Portugal custa ao país muitos milhares de milhões de €uros com as "situações" do BPP, do BPN, do BES e agora do BANIF, nós temos de começar a perguntar o que é que está mal - nós não temos só esse direito, nós temos essa obrigação como cidadãos. 
Somos nós que pagamos estes erros, somos nós que pagamos a soberba dos supervisores que acham que vão supervisionar empresas tão grandes, tão grandes que nem os seus gestores as conhecem verdadeiramente (porque o que nós mais ouvimos dos administradores da banca em Portugal, por muito competentes que são, e são, é que quando há algum problema... ninguém sabe, ninguém viu, ninguém tomou conhecimento do que se passava)".
"Porque o que vai afectar a credibilidade do Banco de Portugal é falarmos disto. Não é o facto de quatro bancos terem caído nos últimos anos sem que o regulador/BP tivesse perdido, por um instante apenas, uma certa arrogância de que sabe para onde vai, o que quer e ai de quem o critique.
... A verdade é esta: se fosse o ministério da Saúde a deixar fechar hospitais, estávamos todos muito indignados. O Banco de Portugal tem deixado caír bancos atrás de bancos e tem-nos mandado a conta para casa e eu acho que nós devemos todos estar indignados com isso. Eu estou..."  (Marco C. Ferreira)
Eu também!


terça-feira, 5 de abril de 2016

Mossak, Fonseca, Galhão e Cª Limitada

Em plena era "troikiana" saíram diariamente de Portugal nove milhões de euros para offshores - uma espécie de praças de candonga económica, simpaticamente chamadas de "paraísos fiscais". Presentemente, segundo dados do Banco de Portugal, a fuga fixou-se em dois milhões de euros por dia.
Calcula-se que estas praças ajudem 60 milhões de pessoas no mundo inteiro, através de 3,5 milhões de companhias de papel, milhares de bancos e companhias de seguros de refúgio, mais de metade dos barcos comerciais registados acima de 100 toneladas e dezenas de milhares de subsidiárias de refúgio para os maiores bancos do mundo, firmas de contabilidade e energia, de software, tráfico de drogas ou negócios de defesa.
É claro que a nacional-hipocrisia apadrinhando a fiscalidade portuguesa "arranjou" uma solução semântica (mas não só...) para esta pouca vergonha e chamou-lhe Zona Franca da Madeira que tem sido palco de encenações famosas interpretadas por oligarcas russos, por gentes da Swatch, da Bell, do falecido Kadhafi, da Novartis e até, pasme-se, do "nosso amigo do costume" Jerónimo Martins.
As curiosidades não ficam por aqui, mas a minha paciência para a investigação está a esmorecer com as minhocas que em cada cavadela vão aparecendoPor isso, meus amigos, se acreditarem que nada mais vos surpreenderá... continuem por mim, por aqui

(Curiosidade final: enquanto produzi este texto, já saíram de Portugal 50.000€ para offshores)


sábado, 2 de abril de 2016

Doutor bin Rangel


Passei por aqui só para aplaudir a proposta verdadeiramente revolucionária que o Senhor Doutor Paulo Rangel apresentou hoje, em Espinho, no 36º congresso do PpdPsd.

De facto, após quinze anos na política activa, com seis deles como EURODEPUTADO, achar que "a abolição do tratamento (tão querido à aristocracia política a que pertence) com base na discriminação universitária" será “uma proposta de ruptura e de inovação social, uma proposta que vira uma página na estratificação social e na estrutura elitista e aristocrática da sociedade portuguesa ... e um desígnio que temos de construir", só pode mesmo ser considerado um acto que, de tão fracturante, roça o terrorismo. 

Abençoada gente que pensa nestas dicotomias da sociedade portuguesa e que, consequentemente, apresenta tão brilhante solução para que impere a justiça social entre os portugueses; logo, a bem da da nação...