segunda-feira, 21 de maio de 2018

Penicheiradas em (mete) dó maior

Se, enquanto cidadão, procuro não me alhear dos eventos que, de alguma forma, o meu Estado oferece com o intuito de me aproximar às suas instituições, enquanto ex-militar e penicheiro, procurei, naturalmente, aproveitar algumas das actividades proporcionadas em Peniche pelas comemorações do Dia da Marinha.
Então, da panóplia de acontecimentos comemorativos ao dispor e convenientemente publicitados pela Marinha Portuguesa e pela Câmara Municipal de Peniche, fiz as minhas opções de visitante/espectador.
Como não é todos os dias (nem lá perto) que, por estes mares, temos oportunidade de assistir a concertos de música alternativa por uma das melhores bandas portuguesas - como é a Banda da Armada
- corri à Ribeira Velha, na noite de 18 de Maio, para ouvir o que de melhor se tocaria da música
apropriada (pensava eu) a este tipo de agrupamento de músicos.
Azar o meu. Intercalado com meia dúzia de músicas de banda, o alinhamento escolhido foi, basicamente, constituído por adaptações de música popular portuguesa (fados incluídos), e de alguns dos mais conhecidos êxitos dos senhores Frank Sinatra e Phil Collins. Excelentemente interpretados, diga-se.
Não era o que eu expectava, mas foi o programa escolhido para dar música à massa anónima que ali foi e que parece ter gostado. Portanto, azar o meu por querer o melhor que eu sabia ser possível à Banda da Armada.

Assim como foi.
No dia a seguinte, 19 de Maio - "inserido nas comemorações do Dia da Marinha decorreu à noite, na igreja de S. Pedro o Concerto de Gala pela Banda da Armada".
Segundo a notícia (onde, por acaso, vim a saber do evento realizado), terão assistido "mais de quatrocentas pessoas".
Depois da surpresa inicial sobre este concerto que não vi anunciado em lugar nenhum, zanguei-me.
Zanguei-me por morar em Peniche-de-Cima, quase a um kilómetro do centro da cidade, zanguei-me por não ter sequer um amigo facebookiano que alertasse a malta para o concerto, zanguei-me por não ter ido à missa do terço onde a Paróquia deve ter anunciado a cedência da igreja de S.Pedro e, finalmente, zanguei-me com os três presidentes das autarquias da minha terra - da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal - porque (querendo ou não) acabaram por se deixar enredar pelo espírito elitista que tanto pareceram querer combater há um ano atrás
enquanto candidatos às eleições autárquicas.
Só não me zanguei com a Marinha.
Primeiro, porque já a conheço há quarenta e cinco anos e sinto que nada mudou. Segundo, porque estava a navegar em seco - na minha terra, e, neste caso, "quer se queira, quer não, aqui mandam os que cá estão".
(Alguns, dos mesmos de sempre, pelos vistos...)


  
 

1 comentário:

Zé Pedrosa disse...

Apesar de ter sido sugerido por facebookiana perfeitamente identificada que:

"Este concerto não estava no programa porque era o concerto oficial, nunca está no programa, seja em que cidade for. É só para convidados da Marinha e da Câmara."

NÃO RETIRO UMA VÍRGULA ao que acima escrevi, mantendo exactamente a mesma opinião com que concluo o post.