quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sai burro, entra popota!

Decididamente, "pra baixo todos os santos ajudam".
Depois da decisão psicologicamente assumida de proibirmos Gaspar em aparecer no presépio deste Natal, entendeu o Papa Bento XVI esclarecer o mundo que no "sítio onde Jesus nasceu não havia animais" - acabando assim com o gado com que a tradição secular sempre enfeitou o sagrado estábulo de Belém - principalmente o burro e a vaca que ali estariam para, com o bafo, "aquecerem o menino nas palhinhas deitado" tal como nos catequizaram (e lembrar-me eu da bulha que tive com o meu parceiro de de Religião e Moral para conseguir a personagem do burro numa teatralização natalícia!).
E agora, o que vão fazer as famílias a tanto animal (ainda por cima, não comestível) com que orgulhosamente enfeitavam a sua simbólica homenagem à miraculosa natividade católica? E a alegria, o mistério e o sonho das crianças tão ansiosamente aguardado para o 25 de Dezembro? 
Não bastava já a importância crescente do Pai Natal naquela cena da prenda no sapatinho para baralhar o nosso imaginário? 
Assim, displicentemente, aos poucos, a paganização vai subvertendo o espírito natalício num acto de consumismo. Por isso, não nos admiremos se, como dizia ontem uma daquelas sentinelas (figurinhas que "embelezam" as entradas) do nosso mercado municipal:- "ai na me dão subside? atão prontes, este natal só dou as popotas!"
Entretanto, e enquanto não é decretada a morte do coelhinho da Páscoa, aqui fica, para a posteridade, uma história de Natal bem recheada de bicharia.

  


        

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