quinta-feira, 7 de março de 2019

Fábula que me contaram em Peniche

Ezpertalhão, macaco chefe de bando há mais de vinte anos, sentindo a sua ego-liderança a perder força na aldeia, encheu a cabeça de “macaquinhos” e decidiu:
-Tenho de fazer algo grande; uma coisa que fique marcada na história da terra e na memória da macacada!
Resolveu então que, para tão ambicioso projecto, precisava de uma grande aliança, se possível com um animal maior que ele. Pensou, pensou e exclamou: 
- Claro! A mula Arbórea, porque não pensei nela antes?! 
Achada a companheira para a “coisa grande”, marcou encontro com a mula e propôs-lhe: 
- Ó Arbórea, e se tu te prostituísses com os três machos da aldeia e emprenhasses? 
- Dos três? - perguntou a mula. 
- Sim, claro; terias de os receber a todos no mesmo dia - desafiou o macaco, acrescentando: 
- Mas depois, terás de criar o bicho que nascer entretanto: alimentando-o por forma a que ele cresça forte e saudável para mo ofertares assim que ele fique pronto e capaz de me servir em trabalhos e macacadas. 
- E que ganho eu com isso? – quis saber Arbórea. 
Ezpertalhão (que tinha a resposta estudada) esclareceu: 
- O que ganhas?! Cumpres o teu papel maternal, parindo e criando um animal, filho de três machos ao mesmo tempo, que oferecerás aqui ao velho macaco-chefe! Queres melhor? 
O que mais entre ambos se falou não interessa. O importante é que, no dia, hora e local marcados, encontraram-se as partes da aventura: Ezpertalhão, Arbórea e os três machos da aldeia: Gonan, Cassan e Salan - representando o que de melhor havia em cada uma das três raças dominantes da aldeia. 
Ora, quando tudo parecia ir de encontro à “coisa grande” sonhada por Ezpertalhão, eis senão quando os três machos - putativos inseminadores do projecto – quiseram saber o resto da combinação da "coisa" (propositadamente escondida por Ezpertalhão e Arbórea): 
- E quem será o macho-pai e dono do animal que nascer? Quem pagará a sua criação? E para quem irá ele servir e trabalhar? 
Ninguém respondeu. E a “coisa” não funcionou. Apartaram-se e cada um dos actores foi para seu lado: o macaco, furioso por ter perdido a sua grande oportunidade à última hora; a mula, envergonhada por ainda não responder ao apelo maternal, e os três machos, recolhidos, mas convencidos da sua razão implícita. 
Conclusão e moral da história: contam as más línguas que, desde então, na aldeia, quando se fala em fazer “coisa grande” alguém sempre aconselha:
"Filho de mula e macho a ninguém serve não, nem por birra da família, nem a macaco espertalhão".


3 comentários:

Júlio Gouveia disse...

Nessa história, a ezperteza saloia parece não ter vencido, o que é raro nos tempos de hoje. Ganhou a moral r os bons costumes, ainda bem, ou o "Bolsonaro" publicava o filme.

Zé Pedrosa disse...

Vaidades, super-egos, teimosias e desvalorização de influências, dá nisto.

Anónimo disse...

Isso é história para adormecer crianças. Está um bom bocado mal contada. Falta saber o porquê (ou se é só mesmo interesse pessoal e taticismo) de os 3 machos serem agora tão, mas tão amigos uns dos outros, que até passaram a comer da mesma manjedoura. Acho que vão é passar mais 4 aninhos em celibato. Mas mais interessante é tentar adivinhar qual dos 3 machos vai canibalizar os outros 2, quando outubro de 2021 já estiver no horizonte.