terça-feira, 8 de outubro de 2019

Dá cá, toma lá

Dantes, nos tempos da "liberdade" salazarenta, as opiniões díspares tinham de ser entrelinhadas ou embrulhadas no espesso papel manteiga da época para consumo em local secreto.
Hoje, felizmente, não é assim; no entanto ainda se nota que há gente - culta, educada, do tipo nada consta em desabono - que, politicamente falando, parece preferir o comodismo da critica fácil, ao exercício do mais elementar acto de cidadania: que em Democracia se chama votar, argumentando egoisticamente:  "Ah e tal... não sustento isto e aquilo, o sistema está viciado, prefiro ficar em casa a desfrutar a boa vida, etc., etc..."!
Se é pena que esta argumentação possa fazer fé junto dos menos esclarecidos, mais lamentável se torna quando leva cidadãos de formação acima da média, tendencialmente mais altruístas, a fazer abstenção num acto de tamanha importância colectiva como o do passado dia 6.
A verdade é que 45,5% dos eleitores inscritos abstiveram-se, constituindo assim o grupo (4.250.000 pessoas) mais significativo das Legislativas/2019, que, hipoteticamente, teria a quase maioria de deputados na futura Assembleia da República.
Perante a crescente radicalização deste panorama, será tempo de o Sistema olhar para dentro de si próprio e, à semelhança de muitos outros países, trocar a autonomia, o civismo e a liberdade do actual sistema de voto, por um sistema de voto obrigatório que penalizará os não votantes; por exemplo, no princípio básico de "dá cá, toma lá", ou seja: votaste... és cidadão merecedor dos benefícios do Estado
(saúde, educação, assistência social e judiciária, etc.); não votaste... paciência, votasses!
Não parece muito democrático, pois não? Mas, infelizmente, se calhar, é o futuro tema que, hipocritamente, esperam os tais comodistas e os seus franco-atiradores para desabar impropérios sobre Abril/74.  

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