domingo, 5 de janeiro de 2020

Um brinde ao Bukowski


"Bom dia!” – disse ela, ao entrar na cafetaria, cumprindo apenas o ritual da boa educação.
Quis responder, mas o calor da sua voz, os seus traços finos, mas não delicados, e a simetria perfeita das suas formas perturbaram-me tanto, que o coração "taquicardiou", inibindo-me por completo qualquer tipo de reacção cavalheiresca.
E assim - nessa paralisia adolescente  -fiquei até vê-la sair, poucos minutos depois, lançando-me um olhar-sorriso lascivo, desafiante, mas ao mesmo tempo duma arrogância proibitiva castrante... 
Morri.
Fosse eu poeta e desesperaria para cantar tamanha transcendência.
Valha-me(?) ser apenas um medíocre contador de estados de alma!

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