segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Out Sourcing

De uma carta aberta ao governo, @ que tive @cesso, retirei alguns "mimos" que hoje aproveito para aqui subscrever, já que se tratam de algumas verdades possíveis no nosso relacionamento fiscal com o Estado. No fundo, espero que sirva para resolver o porquê daquele sentimento de "injustiça fiscal" que paira sobre muita gente quando olha para um vizinho do lado. E, ao mesmo tempo - contrariando a mensagem que muitos agentes económicos da nossa praça fazem passar - afirmar que são os trabalhadores por conta d'outrém quem mais cumpre o pagamento dos impostos: porque não têm alternativa (claro!). E, se não sabem, aprendam :

Ao governo da Nação. Meus senhores,,

Vou alterar a minha condição de funcionário público, passando à qualidade de empresa em nome individual (como os taxistas, pedreiros, pintores, merceeiros, etc.) ou de uma firma do tipo "Xico Esperto - Consultores, Lda." e, em vez de vencimento, passo a receber contra factura, emitida no fim de cada mês.

Ganha o ministro, ganho eu e o país que se lixe!.

Ora vejamos:

Ganha o ministro das Finanças porque:

- Fica com um funcionário público a menos.

- Poupa no que teria que pagar a uma empresa externa para avaliar o meu desempenho profissional.


E ganho eu porque:

- Deixo de pagar na totalidade todos os impostos a que um funcionário público está obrigado, e bem diga-se, pois passo a considerar o salário mínimo para efeitos fiscais e de segurança social.

- Vou comprar fraldas, champôs, papel higiénico, fairy, skip e uma infinidade de outros produtos à Makro que me emite uma factura com a designação genérica de 'artigos de limpeza', pelo que contam como custos para a empresa.

- Deixo de ter subsídio de almoço, mas todas as refeições passam a ser consideradas despesa da firma.

- Já posso arranjar uma residência em Espanha para comprar carro a metade do preço ou compro um BMW em leasing em nome da firma e lanço as facturas do combustível e de manutenção na contabilidade da empresa.

- Promovo a senhora das limpezas lá de casa a auxiliar de limpeza da firma.

- E, se no fim ainda tiver que pagar impostos, não pago, porque três anos depois o Senhor Ministro adopta um perdão fiscal; nessa ocasião vou ao banco onde tinha depositada a quantia destinada a impostos, fico com os juros e dou o resto à DGCI.

Mas ainda ganho mais:

- Em vez de pagar contribuições para a CNP, faço aplicações financeiras e obtenho benefícios fiscais se é que ainda tenho IRS para pagar.

- Se tiver filhos na universidade eles terão isenção de propinas e direito à bolsa máxima (equivalente ao salário mínimo) e se morar longe da universidade ainda podem beneficiar de um subsídio adicional para alojamento; com essas quantias compro-lhes um carro que, tal como o outro, será adquirido em nome da firma assim como manutenções e combustíveis.


Como se pode ver, só teria a ganhar e já podia dizer em público o nome da minha profissão sem parecer uma palavra obscena, afinal, em Portugal ter prejuízo é uma bênção de Deus!


Atentamente

A. B. de Sousa

Sem comentários: