Era o meu homem do "algodão doce". Dele só vinham coisas boas, afáveis, ternas.
Durante sessenta anos, sempre o vi bem disposto, carinhoso e disponível para nos desviar as atenções para o "outro" lado da vida (o mais leve e agradável aos sentidos): os passeios de lambreta, as prendinhas que nunca esquecia das suas viagens por esse mundo fora a bordo do navio-escola Sagres, os petiscos à sua moda, as dolorosas experiências nas guerras da Guiné e Moçambique, as históricas "conquistas" de marinheiro na Índia, Macau e outros mares nunca dantes navegados por todos nós que, ansiosamente, o esperávamos de volta.
Hoje, o meu tio marinheiro partiu. Desta viagem não tem regresso, seremos nós os que ainda por cá ficamos a, um qualquer dia destes, ir ter com ele a qualquer lugar a que a Fé nos leve.
Tal como ontem, hoje, amanhã e até quando "mandar em mim", sempre que entrar mar adentro, recordá-lo-ei, agradecido por um dia me ter ensinado a nadar apenas com o seu segredo de grande marinheiro: respeitar o mar.
Esta fico a dever-lhe, para sempre!
4 comentários:
Obrigado a ti pelas palavras bonitas...
Nada,mas mesmo nada substitui os afectos que com saudade, mas com um carinho imenso passamos só a recordá-lo.
A ti um beijo.
Maria Piedade
Obrigada Zé...tu sentes as coisas...eu não tenho palavras para contar o que lhe devo...
Obrigada Zé...acabaram-se as histórias mágicas e fantásticas...mas ficaram no nosso coração...eu não conseguiria contar o que lhe devo...ele aceitou-me e devo-lhe isso e hei-de amá-lo por isso para sempre
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