Porque acredito na importância da Cultura na identidade das gentes, o que hoje aqui deixo, terá sido, porventura, uma das opiniões mais difíceis de assumir desde que publicamente me manifesto sobre Peniche.
Ora, se há intervenção meritória do Município de Peniche na preservação e desenvolvimento da identidade cultural da nossa terra, é a aposta feita na conservação e divulgação das Rendas de Bilros.
Neste contexto, a notícia da adjudicação das obras do Museu das Rendas de Bilros de Peniche deveria, também, caber na minha homenagem. Mas não.
Nos dias difíceis que correm, saber que uma obra inicialmente orçada em 850 mil euros, terá uma comparticipação comunitária de 480 mil euros - ficando o resto (370 mil euros) por nossa conta, torna difícil, muito difícil mesmo, perceber esta prioridade (eleitoral?) dos nossos responsáveis autárquicos, mais a mais quando as actuais estruturas parecem dar boa resposta, a avaliar pela bondade das referências que por todo o lado são feitas sobre esta temática tão querida aos penicheiros.
E se a essa dúvida juntar (pelo barato) 100 mil euros anuais de custos de funcionamento do museu, a paragem das obras da Biblioteca Municipal por falta de verba, a inexequibilidade das obras de conservação e remodelação do parque habitacional/social da Coosofi e Bº Calvário por falta de verba, o fim quase-anunciado das urgências do hospital de Peniche por falta de verba e por fim (tipo cereja no topo do bolo) o empréstimo bancário de 3 milhões e duzentos mil euros a contratualizar dentro de poucos dias para pagamento de dívidas a fornecedores há mais (muito mais) de um ano?
Sinceramente, pensei que, nesta época de tão profunda crise global, a administração CDU da nossa Câmara Municipal abandonasse, em definitivo, a megalomania financeiramente desastrosa com que os lobbies da lavandaria mundial de dinheiro e do betão armado, durante anos, aliciaram Portugal e as suas autarquias, levando-nos para o endividamento absurdo a que chegámos e que nos violentará per omnia saecula saeculorum.
Pelos vistos, pensei mal. Se calhar, atendendo à nobreza dos objectivos deste investimento cultural, até que deveria relevar (inocentar?) o erro de análise da gestão camarária.
Pois, deve ser isso: o burro sou eu!
Pelos vistos, pensei mal. Se calhar, atendendo à nobreza dos objectivos deste investimento cultural, até que deveria relevar (inocentar?) o erro de análise da gestão camarária.
Pois, deve ser isso: o burro sou eu!
5 comentários:
Zé
Não podia estar mais de acordo. No meu ponto de vista e depois de ler este teu manifesto tem toda a razão.
Um abraço
Romão Machado
Oh Zé, não sejas mauzinho! Para o ano vai entrar muito dinheirinho do nosso IMI, que vai dar para muitas rotundas e obras de arte daquelas que vemos espalhadas pelo país, com duas pedras equilibradas em cima de um calhau. E para manter os mesmos 308 sorvedouros e respectivas empresas municipais... É pagar, é pagar, companheiros!
Tem toda a razão, especialmente tendo em conta a fantástica gestão dos anteriores executivos municipais, que deixaram a CM Peniche sem nenhuma divida, nem nunca pactuaram com interesses imobiliários de nenhuma espécie!
Tirando aquele mamarracho na Av. do Mar, e o outro na rotunda da santa e aquele outro a caminho de Vila Maria e o outro, e o outro...
"Já o escravo se convence
A lutar por sua prol
Já sabe que lhe pertence
No mundo um lugar ao sol".
António Aleixo
É a vontade louca de conjugar no pretérito perfeito, o verbo fazer, na 2ª pessoa do plural, num boletim municipal num balcão perto de si. Só pode!
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