“… considero que o centenário do
nascimento de Álvaro Cunhal acontece num tempo difícil, que interpela, desafia
e responsabiliza a todos. "Este tempo exige a nossa intervenção e não a
nossa indiferença, a nossa acção e não a nossa submissão, a nossa convergência
no essencial e não a nossa divisão no acessório. Precisamos de ideias, de
causas, de esperança e de confiança no futuro".
"Penso que o melhor tributo
que podemos prestar a Álvaro Cunhal é olhar para aquilo que na sua vida e na
sua luta nos pode inspirar, unir e mobilizar. Falo no seu exemplo de seriedade
pessoal, da coragem na adversidade, da audácia na acção, da capacidade de
resistir e de persistir, da clareza nos propósitos e objectivos, da firmeza e
da tenacidade na luta".
"Sabemos que, em todo o
mundo, vivemos um tempo de grandes transformações tecnológicas, culturais e
económicas, mas não podemos aceitar que isso sirva de álibi para operar uma
regressão civilizacional, que nos levaria a deitar fora o que de mais humano,
justo, livre e democrático conseguimos alcançar numa luta de séculos".
Nos tempos que correm, não há inocência possível quando se faz um discurso destes para ser ouvido "em casa de pais e padrastos".
O desafio à convergência tem de ser percebido, fundamentalmente, por dois actores políticos deste país: uma esquerda que, bem lá no fundo, nunca quis ser poder (leia-se governação) e a outra que, sabendo-se a sua alternância tradicional, teima em (continuar a) renegar as suas origens socialistas.
Pena será que uns e outros, teimosamente, não reconheçam que o que os une é muito mais importante - para todos os nós - que aquilo que os separa.
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