segunda-feira, 17 de junho de 2013

Convergir à esquerda



“… considero que o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal acontece num tempo difícil, que interpela, desafia e responsabiliza a todos. "Este tempo exige a nossa intervenção e não a nossa indiferença, a nossa acção e não a nossa submissão, a nossa convergência no essencial e não a nossa divisão no acessório. Precisamos de ideias, de causas, de esperança e de confiança no futuro".

"Penso que o melhor tributo que podemos prestar a Álvaro Cunhal é olhar para aquilo que na sua vida e na sua luta nos pode inspirar, unir e mobilizar. Falo no seu exemplo de seriedade pessoal, da coragem na adversidade, da audácia na acção, da capacidade de resistir e de persistir, da clareza nos propósitos e objectivos, da firmeza e da tenacidade na luta".

"Sabemos que, em todo o mundo, vivemos um tempo de grandes transformações tecnológicas, culturais e económicas, mas não podemos aceitar que isso sirva de álibi para operar uma regressão civilizacional, que nos levaria a deitar fora o que de mais humano, justo, livre e democrático conseguimos alcançar numa luta de séculos".

Nos tempos que correm, não há inocência possível quando se faz um discurso destes para ser ouvido "em casa de pais e padrastos".   
O desafio à convergência tem de ser percebido, fundamentalmente, por dois actores políticos deste país: uma esquerda que, bem lá no fundo, nunca quis ser poder (leia-se governação) e a outra que, sabendo-se a sua alternância tradicional,  teima em (continuar a) renegar as suas origens socialistas.
Pena será que uns e outros, teimosamente, não reconheçam que o que os une é muito mais importante - para todos os nós - que aquilo que os separa.
 

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