domingo, 30 de junho de 2013

O pesadelo de Gaspar

Depois de ter visionado três vezes seguidas o filme que ontem aqui publiquei, não senti a emoção "ego-tuga" que deveria despertar tanta gente e tantas coisas boas "made in Portugal".
Preocupado, tentei perceber tamanha insensibilidade num último visionamento da peça e descobri.
Descobri que o problema nasce aos 0,24m na "identificação deste país". É aí que a diferença de opiniões condiciona todo o resto. Os autores (provavelmente pagos para isso) tentam vender a "opção B - o lugar para crescer". Mas a quem?
Quem não sabe que Portugal é hoje "um país em crise (opção A)", à beira de ser "um país à venda (opção C)"?
Por isso é que estas tentativas de desvio da opinião pública não conseguem contrariar os malabarismos e palhaçadas que a vida política portuguesa, diariamente, nos oferece.
Termino com uma conhecida anedota que, adaptada,  ilustra bem o meu tema de hoje.
"O português Gaspar passeava pela Europa do Norte, na companhia de um amigo grego, de um italiano e de um espanhol.
Um dia, os quatro foram emboscados por um grupo de skinheads neonazis que os raptou e levou para uma quinta da floresta fria e negra à beira da velha estrada que liga a Alemanha à Finlândia, passando pela Holanda.
Aí foram atados, pendurados pelos braços e foi-lhes dada uma opção: morte ou bananão.   
"Morte ou bananão?", interrogaram-se os amigos latinos de tez morena.
A líder do bando de europeus do Norte, de cabeça rapada e suástica tatuada, mandou entrar dois carrascos. O primeiro tinha uma pistola, que com solenidade carregou. O clique foi eloquente. O segundo, um  gigante hooligan, desapertou as calças revelando um enorme, um descomunal e erecto bananão.
Um a um, os desgraçados dos do Sul, que nunca mais regressariam às suas terras para pagar as dívidas que tinham contraído para fazer a viagem, foram escolhendo:
"Morte ou bananão?", perguntou a líder dos skins ao grego. "Morte", respondeu o grego cuspindo para o chão cheio de dignidade.
"Morte ou bananão?", perguntou a líder dos skins ao italiano. "Morte", disse o lacrimoso napolitano.
"Morte ou bananão?", perguntou duas vezes a líder dos skins ao transpirado espanhol que não conseguiu fazer-se entender à primeira por causa do sotaque. "Muerte", disse o espanhol.
Depois foi a vez de Gaspar.
"Morte ou bananão?", perguntou o líder.
O português achou que, apesar da brutalidade, era bem capaz de aguentar o erecto bananão:  "Não, morte não…" pensou  "eu aguento o bananão."
Gaspar,  fechou os olhos, assumiu a posição e gritou, cheio de coragem: "Bananão!"
E então a líder neonazi berrou:
 "Seja. Bananão até à morte!!!"

1 comentário:

jkimilas disse...

até parece que estavas a adivinhar a acontecida "morte" do Vitor Gaspar.