segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Cavaco Silva tem razão

"Passou-se! " - dirão os meus correligionários.
"Finalmente converteu-se!" - aplaudirão os meus adversários.
Nada disso, camaradas. Nem pensem, amigos!
Trata-se, apenas, de uma constatação:
- Há quanto tempo está o país, a bem dizer, sem governo? Em Junho já só se gastava tempo em actos de pré-campanha eleitoral. Em Julho e Agosto partilharam-se as férias e as viagens com os passeios-comícios-jantaradas. Em Setembro todos os governantes e governantesinhos deram o seu tempo em prol da campanha PàF.
Depois, em Outubro, eleições, contagens, subidas e trambolhões deixaram o país a boiar... Entretanto, com mais de quinze dias passados de Novembro sem solução governativa à vista, na prática, Portugal já vai com SEIS MESES sem governo.
Então, perguntemo-nos:
- Tem faltado a luz, a água, a gasolina, o leite, o peixe, a carne, a bjeca, os medicamentos, o ordenado/pensão/reforma no fim do mês, os programas de TV com chamadas de custo acrescentado, o Correio da Manhã, o futebol, as telenovelas, etc., etc., etc.?
- Os criminosos (os pequenos, claro!) não têm sido presos, a Justiça não continua a mesma, os bombeiros não têm socorrido as aflições, os hospitais não continuam a tratar os doentes com a velocidade lentidão do costume, as máquinas multibanco não continuam a dizer "por favor, retire o seu dinheiro", etc., etc., etc?
Afinal o que nos faz falta?
Saber se os impostos vão para os buracos do BPN ou do BES? se o PIB ainda dá para ser mais hipotecado? se o Tratado Orçamental está a ser cumprido? se vamos mandar uma fragata para a frota da NATO, se a nossa classificação de risco de crédito é Lixo, próLixo ou quaseLixo? etc., etc., etc.?
E...? À séria...?
Bem, à séria, à séria, temos que ser honestos e admitir que não temos precisado de Governo para nada.
O país está entregue. A quem, não se percebe bem, mas devem ser gajos (e gajas) muito bons, bem caucionados e com excelentes garantias dadas: ao presidente Cavaco, aos mercados e, claro, ao$ dono$ di$to tudo.
Portanto, qual será o problema se, para ¿cumprir? a Constituição - aquela coisa "antifascista da periferia do euro que é um empecilho"(como afirma a JPMorgan) - for preciso esperar mais seis meses para tentar que os mesmos do costume garantam o mesmo do costume aos outros sempre mesmos do costume?
"No problema, señor presidente!"

(com forte sotaque venezuelano, s.f.favor) 
     

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