segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Desatinos

"Os agiotas que vivem de e para acumular os seus montezinhos de ouro e acrescentar zeros à direita do seu capital, imunes ao húmus de desolação, miséria, infelicidade e morte, que faz medrar e doura o seu dinheiro, apossaram-se do mundo ocidental”; de uma forma nunca antes conseguida pela guerra e mandatando, manipulando, comprando, corrompendo e coagindo no seu interesse, os poderes político e mediático, e o dos cidadãos com voz, (salvo honrosas excepções, que as haverá sempre) prepararam para nós cidadãos pobres do sul e sudoeste da Europa, um horrível “ghetto” em que ocupados como castas mínimas ou miseráveis épsilones não nos é dado nenhum “soma” ou elixir euforizante nem ministrada nenhuma programação que nos faça sentir bem e adaptados à nossa existência de autómatos de pequenas tarefas. Nesse mundo que já se esboça e delineia no presente, a vida humana mesmo e sobretudo na civilizada Europa, será o bem mais banal e barato, a não ser que se lhe associe qualquer particularidade que a torne importante ou imprescindível: é o homem descartável no seu auge…
E apesar da aparente aleatoriedade das sequências é provável que tudo tenha sido cuidadosa e perversamente urdido e aplicado, e haja um nexo de causalidade planeada, consequente e conducente ao brejo pantanoso e movediço, de onde urge sair, para sobreviver. Tal como no velho poema de Pablo Neruda, vamos fechando os olhos ao que aconteceaos outros até que o mal se abate sobre nós, e, nos esmaga, e estamos sós".
(João Rocha, in: Bonifrates)

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