sábado, 30 de julho de 2016

A praia dos donos disto tudo

Na sequência do "desafio que o secretário de Estado da Defesa Nacional terá lançado" ao presidente da Câmara Municipal Peniche, a praia do Porto d'Areia Norte está sinalizada para ser a primeira praia para cães do país, faltando apenas assinar o "respectivo protocolo" entre o Estado e a CMPeniche no próximo dia 6 de Agosto...
Nada tenho contra a bondade da ideia, mas porque desconheço a informação que terá sido (ou não) prestada à secretaria de Estado em causa sobre as características do local em questão, a minha consciência obriga-me a ponderar o seguinte:
- A praia do PANorte fica em zona de grande densidade habitacional local e turística;
- A praia do PANorte foi, durante dezenas de anos, o principal ponto de descarga das águas residuais da cidade de Peniche e, por isso mesmo, a maioria da sua fauna e flora marítimas foi completamente devastada, mas há 15 anos atrás, com a inauguração da ETAR, o sistema de vida animal e vegetal entrou em regeneração, cujos frutos são já bem visíveis no local;
- A praia do PANorte fica entre dois (desprezados) marcos históricos da defesa militar portuguesa;
- A praia do PANorte faz parte de zona de património geologicamente reconhecido;
- A praia do PANorte fica em zona arqueologicamente classificada (relacionada com a necrópole do navio S.Pedro d'AlCântara).
A estes considerandos (facilmente confirmáveis) poder-se-á acrescentar o facto de, em Peniche, existirem muitos quilómetros de praia disponíveis para a marcação de uma praia de caninos sem ofender as susceptibilidades ambientais, arqueológicas, históricas, geológicas e humanas que a putativa escolha do presidente da CMPeniche desafia.
Por último, seria bom consultar os resultados práticos da fúria protocolar dos 11 anos de vida deste executivo camarário.
Provavelmente não deferirão dos lastimosos resultados verificados na maior parte das autarquias nacionais, exactamente porque, aí, servem mais vezes objectivos politico-partidários e de promoção individual que os enunciados.
Depois do que está a ser divulgado como "as condições de frequência" para a citada praia - que será praticamente o mesmo por que se regem as praias não vigiadas - temo pela realidade do que está em apreço.
Por tudo o que aqui exponho e porque ser penicheiro é também ser português e cidadão do Mundo, lanço um apelo ao bom senso das entidades envolvidas, esperando, muito sinceramente, que reconheçam os riscos que ao local escolhido trará a ligeireza com que encarreiraram em mais uma operação do marketing político-partidário do mediático dono da Nikita. 

1 comentário:

Anónimo disse...

E os gatos, pá...!?

Cumprimentos,
B. M.