quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Peniche e as praias de bandalheira azul

A frequência dos (muitos) anos anteriores ensinou-me que o objectivo da bandeira azul de publicitar uma praia de qualidade com regras de utilização bem definidas, acarreta RESPEITO - quer dos utilizadores, quer dos concessionários, quer, ainda das entidades envolvidas no zelo e cumprimento dos deveres e obrigações consequentes.  
Portanto, quando uma destas partes foge ao "contrato" perfeitamente registado à entrada da zona de praia, perdem-se as qualidades anunciadas. E se o incumprimento infecta uma ou mais outra(s) parte(s) restante(s)... então é a bandalheira. Azul, mas bandalheira.
Neste Verão e, particularmente, nas últimas duas semanas, uma temporária debilidade física tem-me obrigado a ficar na zona de praia concessionada - daquelas anunciadas por bandeira azul, amarela, e sei lá que mais onde, supostamente, estaria a "salvo" de bolas, cães, escolas de surf em actividade, etc.
Mas não: nos (cerca de) 300 m de largura de praia perfeitamente delimitada, têm(...) de caber os banhistas - onde se incluem sempre muitas crianças,  os grupos  da bola, alguns dos cães que não gostam do sectarismo a que obriga a ideia brilhante da "sua" praia no Porto d'Areia Norte, mais uma ou duas escolinhas de surf em plena actividade. E nem merece a pena explicar o efeito das marés neste cabimento todo...
É claro que poucos dos prejudicados têm coragem de contestar este desrespeito mais ou menos institucionalizado; e se o fazem, perdem tempo porque esbarram contra a má educação de uns e o "lava mãos" de outros que a pé ou motorizados ali estarão apenas para "zelar pela vida das pessoas que estão na água".
Clara é, aqui também, a aparente incapacidade(...) de actuação a quem compete diligenciar o cumprimento das regras e das leis.
Finalmente, clara é a proposta que aqui deixo aos iluminados autarcas da minha terra, considerando que, apesar das livres e naturais disponibilizações concedidas aos praticantes do surf e da recente afectação-piloto de um espaço próprio para canídeos, a generalização da indisciplina e falta de civismo crescentes na utilização de todas as praias do concelho de Peniche põe em causa a liberdade individual dos cidadãos locais e dos forasteiros que procuram as nossas praias para fazer isso mesmo: praia!
- Criem as PRAIAS PARA PESSOAS: onde seja APENAS autorizado 
desfrutar serenamente os prazeres da praia e do mar em clima de paz, sossego e respeito pela individualidade.
Vá lá, meus senhores. Olhem que quem vota são as pessoas!
     

1 comentário:

José Alberto disse...

"Criem as PRAIAS PARA PESSOAS: onde seja APENAS autorizado desfrutar serenamente os prazeres da praia e do mar em clima de paz, sossego e respeito pela individualidade." Zé, concordo com a tua sugestão. Quanto te referes "aos iluminados autarcas da minha terra" já não consigo concordar... Quanto aos agentes que devem exercer qualquer tipo de autoridade, o medo de exercer a autoridade bloqueia a sua acção cívica no terreno. De resto, Peniche está tornar-se uma terra onde tudo é possível mesmo à descarada e muito poucos parecem estar preocupados com isso! É assim que uma terra que podia ser interessante e apelativa para todos, se tem vindo a degradar visivelmente, pelo menos, nos últimos três anos. Porquê? Alguem quer responder ou também tem medo de o fazer?