Deixa as palavras onde estão.
Imóveis, desarmadas.
Não lhes agites os demónios que nelas dormem
ávidos de despertarem.
Não fales do que és, nem descrevas coisa alguma.
Preserva o que em ti e nos outros é intocável.
Não deixes que as palavras desfigurem.
Que as palavras mutilem.
Que as palavras viciem.
Que as palavras mintam.
Que as palavras sejam peças
de um jogo em que o desfecho
É o xeque-mate.
Fernando Namora
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