sexta-feira, 30 de junho de 2017

Um mês de merda

Hoje acaba o mês de Junho -  ano II da era política mais à esquerda do século XXI em Portugal.

O mês em que – finalmente, dirão uns – a Geringonça tremeu(…)
O mês em que nem a melhor teoria da conspiração conseguiria alinhar factos e acontecimentos tão perniciosos à actual coligação governativa: o incêndio/calamidade de Pedrogão Grande e as mais que vistas mixordices à volta do SIRESP, da GNR, da Protecção Civil, dos ministérios, ministros e governo, as (in)explicáveis crises de síndrome de idiota reveladas por Passos Coelho, o roubo de granadas em Tancos, o afastamento da selecção nacional de futebol da final da taça das confederações, etc.
E até tu, Salvador Sobral, o actual (pelo menos até anteontem) menino bonito do país, em vez de encerrares um dos espectáculos de solidariedade Nacional mais extraordinários de sempre, pela forma mais representativa da união de um povo por uma causa como é o hino nacional, preferiste, com o “teu peido”, provar que o teu amar pelos dois, três, quatro ou mais é apenas poesia. Não é do coração, é intestinal.

Junho de 2017, um mês de merda, portanto!

terça-feira, 20 de junho de 2017

À (ou há) saúde


Aos poucos vou aprendendo que julgar os outros é o menos importante.

Da importância de sermos livres nas escolhas e no culto da paz interior.

De como é bom ouvir uma palavra de carinho. 

E receber um gesto de amor para aquecer o coração?

Hoje, onze anos passados, apetecem-me duas coisas:

Continuar a (tentar) ser criança
e sonhar.

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Porque tenho vergonha

Por muito que queira, não consigo abster-me de comentar o fatídico incêndio de anteontem em Pedrogão Grande, que culminou com a tragédia humana a que ninguém ficou insensível.
Não o faço por discordar das (legítimas) opiniões dos peritos de protecção civil, engenharia florestal, comunicações, administração interna, política de ordenamento, etc., em que, de repente, milhares de portugueses - muitos deles também, habitualmente, experts em economia, finanças, futebol e religião - se tornaram.
Quanto a mim o diagnóstico sobre esta problemática dos incêndios florestais está mais que feito - todos os actores envolvidos sabem bem os "porquês" e as "por consequências" desta actividade económica sem código (CAE).
Se quisermos ser sérios, até nós próprios, inconscientemente ou não, por vezes, contribuímos (em escala aparentemente desprezável) para esse flagelo com comportamentos inadequados, infringindo avisos, leis e editais.
E então?
Então? a verdade é que, em Portugal, principalmente no Verão, desde há não sei quantas décadas, o incêndio florestal faz parte. É quase como que um desígnio nacional; um fatalismo que, anualmente, nos custa milhares de hectares de área florestal, milhões de €uros em subsídios de reinstalação e gastos com pessoal e equipamentos e, infelizmente, a vida de algumas pessoas. 
E é aqui que Pedrogão Grande mexe com todos nós; em pouquíssimas horas sessenta e dois mortos (até ver) e cento e quarenta feridos é um preço demasiado alto, vergonhosamente inaceitável para um país moderno e civilizado.
É esta irracionalidade que está a dar cabo de nós. É esta vergonha colectiva, que todos nós queremos limpar da consciência. Por isso as opiniões, os donativos, as petições, os likes, os comentários, a nomeação arbitrária de culpados, a bandeira a meia haste, enfim... tudo serve para a catarse de um povo que teima em aceitar destes fados como Destino.

sábado, 10 de junho de 2017

E agora? nem reciclagem.

Não sendo adepto do FCPorto, e, muito menos, da sua versão FCPintodaCosta, sou dos que sentiram uma alegria imensa pela troca do treinador da sua equipa de futebol: saindo Nuno Espírito Santo (NES), entrando Sérgio Conceição.
Conhecendo-se a personalidade de NES, adivinhava-se que o seu regresso (agora como treinador) ao "ninho de cobras" por onde cresceu (apenas e só) futebolisticamente seria curto, ou muitíssimo curto - conforme os resultados desportivos da sua equipa.
O destino é-lhe implacável e a canalha organizada em qualquer uma das muitas suas versões super(...) não lhe perdoa os modestíssimos resultados obtidos, agravados pelo tom afável com que sempre explica as derrotas - abordando, esporadicamente, os erros das arbitragens.
Mas o pior, o pior mesmo foi a postura educada e serena com que, quase sempre, honrou o seu discurso público.
- "O quê? um treinador do FCP sem O grito do dragão (leia-se linguagem ordinária e provocatória), sem o cinismo nem a pirraça da cartilha Jorge Nuno, nem as constantes insinuações e ofensas a outros clubes (particularmente, Sporting e o histórico inimigo SLBenfica)? Um militante da pacificação do futebol português de dragão ao peito? Nem pensar!"
Feita "a cama" e as contas - que NES parece ter facilitado bastante (senão engrossaria a lista de credores a médio longo prazo do FCP, ao lado dos seus antecessores mais recentes) - encontrada nos saldos a solução para a próxima época, foi a vez da SAD portista se aproveitar de Nuno para justificar a sua incompetência gestora  e consequente falhanço (buraco?) financeiro  perante as entidades a quem deve contas para além das desportivas.
O porta voz escolhido não poderia ser melhor: Fernando Gomes - um boy do norte (carago!) que sempre terá primado por trabalhar sem grandes interesses remuneratórios em prol de causas públicas - enquanto presidente da câmara do Porto, administrador das Águas Douro Paiva, ministro, administrador da Galp e agora (provavelmente) como administrador da SAD portista. Um exemplo de auto-sacrifício, portanto!
_______
Eu tinha-te avisado, Nuno!



quinta-feira, 1 de junho de 2017

A coragem de os ter no sítio



Há uma vintena de anos, um adolescente meu amigo, perguntado sobre o que queria "ser quando fosse grande" gracejou:
- Um bandido. Mas dos bons!
Na altura tentei demovê-lo de tamanha idiotice - e hoje o seu comportamento é prova (feliz) de que o terei convencido.
Vem esta memória a propósito das 13 medidas, recentemente preconizadas pelo super-juíz Carlos Alexandre, para maior eficácia no combate à corrupção, recorrendo, na sua maioria, a opiniões veiculadas em 2002 pelo deputado Almeida Santos (co-autor do sistema judicial português).
Ao recordar que, para além da excelência jurídica do deputado, presidente do PS e conselheiro de Estado, Almeida Santos foi também "só" presidente da Assembleia da República, pergunto-me:
- Quando é que a coragem individual de uns quantos forçará a coragem colectiva (diga-se política e, principalmente, partidária) a enfrentar eficazmente os graves problemas que, de facto, infectam a sociedade portuguesa?
Enquanto isso, sempre que apareçam casos que configurem crime: corrupção, branqueamento, apropriação indevida, abuso de confiança, evasão fiscal e outros que enxameiam a telenovelesca justiça portuguesa, nós, com aquele habitual feitiozinho "calimero", bufaremos para o lado:
"- É a bandidagem do costume; este é dos bons, há-de safar-se..."