terça-feira, 29 de maio de 2018

Arrepios da morte

Manifestação contra a eutanásiaDepois do recado encomendado ao Expresso pelo presidente Marselfie, os duvidosos sentiram-se encorajados e a eutanásia vai continuar a ser opção só para algun$.
Mas há quem diga que este resultado foi fruto de grande negociação político-partidária.
E concordo! Especialmente, porque, depois de ter lido esta crónica diabólica de Laurinda Alves sobre o tema, percebi que para o Estado [leia-se partidos do centrão] será preferível (económicamente, claro!) os hospitais continuarem a ter "doentes terminais em sofrimento" do que as cadeias ficarem (ainda mais) superlotadas por médicos e enfermeiros condenados por, indiscriminadamente (a acreditar na teoria de dona Laura), "eutanasiarem" pessoas: porque "dura lex sed lex", ou porque se tratavam de "velhinhos" sem eira nem beira, ou porque o porteiro do hospital o pediu - em nome da herdeira, prima da sua sobrinha, ou porque o velhote era sócio do Benfica e merecia, ou só porque sim...ou, ou...
Assim sendo, talvez tenha sido melhor o NÃO.
Mas os velhinhos vão continuar a morrer; apesar de não o quererem, muitos velhinhos vão morrer porque o filho, o cuidador, o médico, o enfermeiro, ou, em última análise, o Estado se esqueceu, descuidou ou errou; na maior parte dos casos, sem qualquer consequência cível para a morte "acidental"... 

E então, quem vota contra?

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Audiograma




“Petit à petit” o silêncio vai-se instalando todos os dias - devagarinho, mas, ainda assim, de forma gritante a marcar presença pela ausência de nós.

E o resto, o que fica, gira ao som das notas que uma agulha reproduz, lendo as notas pautadas no meu coração.

Era a música(...) que dançávamos, lembras-te?

Ainda a ouves?
Não, pois não?!
A surdez é terrível.
Malditas exostoses!

domingo, 27 de maio de 2018

Prenda d'aniversário

"Viver é uma peripécia.                                     
Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota.
Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo.
Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida.
Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros.
Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera.
Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade." 
     Joaquim Pessoa   



segunda-feira, 21 de maio de 2018

Penicheiradas em (mete) dó maior

Se, enquanto cidadão, procuro não me alhear dos eventos que, de alguma forma, o meu Estado oferece com o intuito de me aproximar às suas instituições, enquanto ex-militar e penicheiro, procurei, naturalmente, aproveitar algumas das actividades proporcionadas em Peniche pelas comemorações do Dia da Marinha.
Então, da panóplia de acontecimentos comemorativos ao dispor e convenientemente publicitados pela Marinha Portuguesa e pela Câmara Municipal de Peniche, fiz as minhas opções de visitante/espectador.
Como não é todos os dias (nem lá perto) que, por estes mares, temos oportunidade de assistir a concertos de música alternativa por uma das melhores bandas portuguesas - como é a Banda da Armada
- corri à Ribeira Velha, na noite de 18 de Maio, para ouvir o que de melhor se tocaria da música
apropriada (pensava eu) a este tipo de agrupamento de músicos.
Azar o meu. Intercalado com meia dúzia de músicas de banda, o alinhamento escolhido foi, basicamente, constituído por adaptações de música popular portuguesa (fados incluídos), e de alguns dos mais conhecidos êxitos dos senhores Frank Sinatra e Phil Collins. Excelentemente interpretados, diga-se.
Não era o que eu expectava, mas foi o programa escolhido para dar música à massa anónima que ali foi e que parece ter gostado. Portanto, azar o meu por querer o melhor que eu sabia ser possível à Banda da Armada.

Assim como foi.
No dia a seguinte, 19 de Maio - "inserido nas comemorações do Dia da Marinha decorreu à noite, na igreja de S. Pedro o Concerto de Gala pela Banda da Armada".
Segundo a notícia (onde, por acaso, vim a saber do evento realizado), terão assistido "mais de quatrocentas pessoas".
Depois da surpresa inicial sobre este concerto que não vi anunciado em lugar nenhum, zanguei-me.
Zanguei-me por morar em Peniche-de-Cima, quase a um kilómetro do centro da cidade, zanguei-me por não ter sequer um amigo facebookiano que alertasse a malta para o concerto, zanguei-me por não ter ido à missa do terço onde a Paróquia deve ter anunciado a cedência da igreja de S.Pedro e, finalmente, zanguei-me com os três presidentes das autarquias da minha terra - da Junta de Freguesia, da Câmara Municipal e da Assembleia Municipal - porque (querendo ou não) acabaram por se deixar enredar pelo espírito elitista que tanto pareceram querer combater há um ano atrás
enquanto candidatos às eleições autárquicas.
Só não me zanguei com a Marinha.
Primeiro, porque já a conheço há quarenta e cinco anos e sinto que nada mudou. Segundo, porque estava a navegar em seco - na minha terra, e, neste caso, "quer se queira, quer não, aqui mandam os que cá estão".
(Alguns, dos mesmos de sempre, pelos vistos...)


  
 

terça-feira, 15 de maio de 2018

Abu Karballo d'Al Kochete

Publicamente, a esta hora, ainda não se sabe, concretamente, quem terão sido os autores dos actos terroristas de hoje no campo de treinos do SCP/Alcochete.
No entanto, o seu autor moral, todos sabemos que ele sabe que sabemos quem é, apesar do seu recente discurso - prenhe de estupidez, pela tamanha desresponsabilização pessoal argumentada.
Quem, desde o aparecimento desta "superstar",  me tem lido e, eventualmente, duvidado das minhas teses sobre "Gruño Carballo", hoje, infelizmente, só tem uma hipótese opinativa... Obrigado! (vale mais tarde do que nunca).

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Drop inside

Foto de Zé Pedrosa.Oh my god!!!
Lá estava ela - ao sol, deitada na areia à beira-mar, aguardando-me com a disponibilidade de sempre.
Em silêncio, toquei-lhe suavemente dando-lhe a entender as minhas naturais intenções. Logo logo, sem quaisquer hesitações, peguei nela e, corpos colados, enfiámo-nos mar adentro, como se bailássemos ao som da nossa preferida sinfonia inaudível,  mas conhecida de cor.

E assim, enrolados ao sabor das ondas quebradas, viajámos pelos seus infindáveis rastos de espuma até atingir o êxtase supremo de chegar ao fim!
Oh dia maravilha!
Disse maravilha? Pois... mas acabou rápido quando, apanhados pelo súbito e violência de uma onda solitária devolvida pelo canhão da Nazaré, nos perdemos um do outro.

De rastos, procurei-a por toda a beira-mar fora. Em vão.
Por fim, zangado com o mar que a levou, chorando-a, ralhei-me:
- Quem te manda a ti,  Zé Jaquim, quereres um body "board - Pride" daqueles? 

Tu, que já nem de barbatanas t'aguentas ...!?! 
    
  

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Inequivocamente

Desisto! 
Qual amor, qual paixão, qual nada...!?
Acho que foi um acaso do destino.
Isso sim, acho! 
Mas mesmo assim, para acabar com as tuas dúvidas - velho coração meio parvo – vou experimentar: 
Logo de manhã vou deixar de tomar o Concor, o Valsartan, o Calcitrin e a Viterra. 
Às refeições acabo com as dietas: bananas, abacates, melancias, ovos de codorniz, salmão e amêndoas - vai tudo devolvido ao nutricionista.
Risco os ginkgo bilobas, frutos vermelhos, canelas e gengibres de todos os meus menus.
Resultado de imagem para dead paintingsE ao deitar, nem cheiro de ginseng em chá, infusões ou pastilhas para o colesterol.
Depois... depois, passados uns dias veremos.
Se, sem te ver, ouvir ou falar, voltarem os batimentos descontrolados do coração e a falta de ar, se as pernas começarem a articular dolorosamente, se não me recordar das mudanças do carro, da senha do multibanco ou do teu número de telefone, se... e se... e se... 
Morri. 
Afinal não era amor!