Mas, infelizmente, o mesmo que nos
diferenciava há uns anos, teima em continuar; a baixa prática da cidadania e a fraca
literacia das pessoas, a aversão ao planeamento por contrapartida aos facilitismo
e desenrascanço, continuamos a privilegiar
- agora com a ajuda das redes sociais - a inveja e mexeriquice como passatempo
favorito, continuamos à espera que o Estado resolva todos os nossos problemas,
continuamos a não ser exigentes com quem devíamos e a achar que a corrupção é
uma endemia sem cura. E, o melhor, continuamos todos a achar que somos os
maiores e como nós não há igual.
Após escrever sobre nós: "O que os Portugueses opõem à racionalidade capitalista não é unicamente a sua inaptidão. É uma resistência. (...) Eles ficam presos às virtudes que lhes são próprias, à sua tolerância patológica, ao seu cepticismo que só cede perante o maravilhoso, à sua generosidade inconsciente, às virtudes que são talvez utópicas e que lhes custam caro porque, para o mundo do progresso, equivalem a pecados mortais. Mas voltarão estas um dia ? Este assunto não está ainda resolvido. O que defendem os Portugueses, por vezes de maneira confusa e involuntária, mas sempre com tenacidade, não é uma possessão, mas os seus desejos. É justamente o que ninguém possui. O que este povo incarna é a critica da razão.“ [Meditações Portuguesas” in: Ach Europa! ( Frankfurt 1987)], Hans Magnus Enzensberger concluiu que "só os Portugueses é que não gostam dos Portugueses"; mas Pessoa - o maior português de todos os tempos - soube sempre quem somos e porque o somos.
quarta-feira, 10 de junho de 2020
O dia do tuga
Apesar de ainda haver alguns a coçar “as
partes” em público, ou a usar a unha do dedo mindinho na limpeza de nariz,
dentes e ouvidos, ou a escarrar para o chão; apesar de, ainda uns tantos, deitarem
lixo para a rua, levarem farnel para a praia ou não praticarem a regra básica
da prioridade entre pessoas, afinal, mesmo devagarinho, já vamos(...) de férias ao
estrangeiro, já comemos sardinhas de faca e garfo, já nos endividamos “à grande”…
enfim, estamos cada vez mais parecidos com os demais cidadãos europeus.
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