A curiosidade de perceber porque é que até alguns dos grandes economistas portugueses sem ligações partidárias, normalmente pouco opinativos no passado, resolveram juntar a voz à contestação da actual governação do país e, também, o poder assistir ao vivo a Mark Blyth colocando em causa as políticas de austeridade impostas nos países em recessão (especialmente em Portugal) fez-me, anteontem, assistir à conferência "A austeridade cura? A austeridade mata?" - organizada pelo CIDEEFF da Faculdade de Direito de Lisboa.
Eu sabia que ia correr o risco de ter alguma dificuldade em entender o inglês técnico e directo de Blyth. O que eu não sabia é que toda a conferência seria falada em inglês... Com (muita) pena minha.
Com muita pena minha, porque, não sendo propriamente uma língua estranha a qualquer um dos oradores, achei que esta (elitista? e inconcebível) opção dos organizadores limitou em muito a fluência das opiniões dos conferencistas, desviando-os do seu habitual fluxo de raciocínio na língua de Camões.
Ora, ouvir em inglês o €uro-contestatário João Ferreira do Amaral e a ainda crente, mas sempre concisa Teodora Cardoso, ou a eloquência (até em língua diferente) de César das Neves explicando as "falácias da crise", bem como ao sempre-mais-político-que-economista Francisco Louçã não deixar escapar as actuais negociatas portugueses tipo BCP/ControlInvest, será mais ou menos o mesmo como se William Shakespeare nos recitasse os Lusíadas...
Mas, no final, todos mais ou menos felizes (que a austeridade dói mais a uns que a outros...) ficaram(-me) definitivamente três ideias chave: a crise tem muitíssimo mais a ver com o sistema financeiro do que a teoria do free lunch ("comer" e não pagar) como nos querem fazer crer, reformar o Estado e mudar as suas regras é urgentíssimo e terão de ser os portugueses a mandar no processo, propondo um modelo exequível de regularização da sua dívida.
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Em rodapé, quero agradecer:
.aos meus pais, por me terem possibilitado aprender a língua inglesa;
.aos meus filhos, pelas suas tendências musicais de adolescência/juventude passarem por temas anglo-saxónicos, obrigando-me a perceber korn, Nirvana, Pearl Jam, Sublime e mais uns tantos;
.a mim próprio, por continuar a reservar-me um lugar para o saber.
Com muita pena minha, porque, não sendo propriamente uma língua estranha a qualquer um dos oradores, achei que esta (
Ora, ouvir em inglês o €uro-contestatário João Ferreira do Amaral e a ainda crente, mas sempre concisa Teodora Cardoso, ou a eloquência (até em língua diferente) de César das Neves explicando as "falácias da crise", bem como ao sempre-mais-político-que-economista Francisco Louçã não deixar escapar as actuais negociatas portugueses tipo BCP/ControlInvest, será mais ou menos o mesmo como se William Shakespeare nos recitasse os Lusíadas...
Mas, no final, todos mais ou menos felizes (que a austeridade dói mais a uns que a outros...) ficaram(-me) definitivamente três ideias chave: a crise tem muitíssimo mais a ver com o sistema financeiro do que a teoria do free lunch ("comer" e não pagar) como nos querem fazer crer, reformar o Estado e mudar as suas regras é urgentíssimo e terão de ser os portugueses a mandar no processo, propondo um modelo exequível de regularização da sua dívida.
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Em rodapé, quero agradecer:
.aos meus pais, por me terem possibilitado aprender a língua inglesa;
.aos meus filhos, pelas suas tendências musicais de adolescência/juventude passarem por temas anglo-saxónicos, obrigando-me a perceber korn, Nirvana, Pearl Jam, Sublime e mais uns tantos;
.a mim próprio, por continuar a reservar-me um lugar para o saber.
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