«Um momento, durante os primeiros
meses que se seguiram ao 25 de Abril, houve a esperança de que realmente alguma
coisa iria mudar. O Portugal revolucionário ia ser exemplo, um passo em frente
para uma Europa nova, o país cuja sociedade garantiria a cada cidadão um lugar
digno.
Mas quê? Em fins de 1975 as elites de agora são as mesmas de ontem,
acrescentadas de uns poucos que, hábeis, subindo a tempo, ocuparam um lugar;
diminuídas temporariamente da meia dúzia que, no estrangeiro, confortavelmente,
aguarda dias melhores que muito certamente voltarão. Tal como na velha
República de 1910, em que os ministros foram quinhentos, interessa ser
ministro, garantir as benesses do amanhã.»
Os cravos simbolizaram a esperança, mas a foice que os cortou não foi,
como por um instante se temeu, ou fingiu temer, a do papão comunista, sim a dos
lobos que a traziam escondida sob o disfarce de cordeiros.»
J. Rentes de Carvalho
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