domingo, 27 de abril de 2014

r.i.p. Vasco Graça Moura


Talvez digas um dia o que me queres,
Talvez não queiras afinal dizê-lo,
Talvez passes a mão no meu cabelo,
Talvez eu pense em ti talvez me esperes.

Talvez, sendo isto assim, fosse melhor
Falhar-se o nosso encontro por um triz
Talvez não me afagasses como eu quis,
Talvez não nos soubéssemos de cor.

Mas não sei bem, respostas não mas dês.
Vivo só de murmúrios repetidos,
De enganos de alma e fome dos sentidos,
Talvez seja cruel, talvez, talvez.

Se nada dás, porém, nada te dou
Neste vaivém que sempre nos sustenta,
E se a própria saudade nos inventa,
Não sei talvez quem és mas sei quem sou.

2 comentários:

Farelhão disse...

No seu livro "A Queda", Camus conta que o porteiro do seu prédio era uma pessoa asquerosa e descrevia-o como "...um verdadeiro estafermo, a maldade em pessoa, um monstro de insignificância e de rancor, que faria perder a paciência a um franciscano". O dito morreu e logo as avaliações passaram a ser do tipo:"era boa pessoa", "nunca me fez mal a mim e aos meus", "um homem honesto", etc.
VGM foi um dos bajuladores do cavaquismo e nunca será reconhecido como um homem de cultura, antes um servil e um ajeitado. Se excluirmos a faceta de tradutor, o resto é francamente mau.

jkimilas disse...

... ou seja, VGM estará para a esquerda assim como Saramago para a direita. Sapos, mas mortos.