“….
Soares à frente, de punho levantado, naquele gesto a que se habituou desde o 25
de Abril. Mas um punho que se diria não lhe pertencer, ou que levanta com
dificuldade, tão dolorosa e contraditória parece a expressão do seu rosto.”
Escolhi
este texto retirado do recente livro “Portugal a flor e a foice” de J. Rentes
de Carvalho para ilustrar a minha relação de 25 anos como militante do Partido Socialista,
quase sempre pouco alinhada com as correntes dominantes (consequentemente,
governantes). Porque, excepção feita a incondicional de António Guterres, desde
que apoiei a candidatura de Salgado Zenha a presidente da república até ao
presente, as minhas opções raras vezes coincidiram com o “aparelho” nacional (localmente
a história foi/é outra).
Se
esta tendência pró-minorias não me causou qualquer dissabor pessoal, a difícil solidariedade
política exigida nos últimos dez anos tem desqualificado muita da minha militância,
apesar, até, da constante e violenta agressão às condições de sobrevivência dos
nossos concidadãos praticada pelo governo PSD/CDS.
Depois
deste último 25 de Maio, o governo e a maioria(?) que o tem amparado, bem como uma possível alternativa de
governo do PS, foram eleitoralmente repudiados.
Por
isso, cabe aos derrotados prepararem medidas aliciantes para as legislativas de
2015. E se ao PSD/CDS poderá bastar deixar de mentir diariamente ao país e
aliviar a carga fiscal sobre a classe média e reformados, a tarefa do Partido
Socialista é muito mais exigente porque passa por transmitir Esperança aos
portugueses, afirmando-se como alternativa credível para governar o país em
circunstâncias muito difíceis.
Ora
esse PS não poderá continuar a ser o mesmo que, titubeante e desgarrado, não conseguiu
mostrar-se nos últimos três anos. Chegou a vez de queimarmos o último cartucho
e corajosamente optar pelo futuro do país em detrimento do apparat.
É
a vez de serem os militantes a levantar o punho pela única hipótese do Partido
Socialista provar que aprendeu com os muitos erros do passado recente e
apresentar soluções credíveis. Se for António Costa, melhor.
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