quarta-feira, 28 de maio de 2014

Capacitar o PS

“…. Soares à frente, de punho levantado, naquele gesto a que se habituou desde o 25 de Abril. Mas um punho que se diria não lhe pertencer, ou que levanta com dificuldade, tão dolorosa e contraditória parece a expressão do seu rosto.”

Escolhi este texto retirado do recente livro “Portugal a flor e a foice” de J. Rentes de Carvalho para ilustrar a minha relação de 25 anos como militante do Partido Socialista, quase sempre pouco alinhada com as correntes dominantes (consequentemente, governantes). Porque, excepção feita a incondicional de António Guterres, desde que apoiei a candidatura de Salgado Zenha a presidente da república até ao presente, as minhas opções raras vezes coincidiram com o “aparelho” nacional (localmente a história foi/é outra).
Se esta tendência pró-minorias não me causou qualquer dissabor pessoal, a difícil solidariedade política exigida nos últimos dez anos tem desqualificado muita da minha militância, apesar, até, da constante e violenta agressão às condições de sobrevivência dos nossos concidadãos praticada pelo governo PSD/CDS.
Depois deste último 25 de Maio, o governo e a maioria(?) que o tem amparado, bem como uma possível alternativa de governo do PS, foram eleitoralmente repudiados.
Por isso, cabe aos derrotados prepararem medidas aliciantes para as legislativas de 2015. E se ao PSD/CDS poderá bastar deixar de mentir diariamente ao país e aliviar a carga fiscal sobre a classe média e reformados, a tarefa do Partido Socialista é muito mais exigente porque passa por transmitir Esperança aos portugueses, afirmando-se como alternativa credível para governar o país em circunstâncias muito difíceis.
Ora esse PS não poderá continuar a ser o mesmo que, titubeante e desgarrado, não conseguiu mostrar-se nos últimos três anos. Chegou a vez de queimarmos o último cartucho e corajosamente optar pelo futuro do país em detrimento do apparat.
É a vez de serem os militantes a levantar o punho pela única hipótese do Partido Socialista provar que aprendeu com os muitos erros do passado recente e apresentar soluções credíveis. Se for António Costa, melhor.  

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