quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Penicheiro Sortudo

Quando decidi(mos) fazer a casa onde moro, há 30 anos, em frente à Papoa, muitos foram os que duvidaram da qualidade da escolha: "era mesmo à beira mar, virada a Norte, a poucos metros do maior esgoto da península, colada à estrada nacional (EN 114) por onde passavam meia dúzia de autocarros para o Cabo Carvoeiro e os grandes camiões de transporte - levando de Peniche o que cá de melhor se fazia em produtos alimentares e plásticos -  enfim... só um meio maluco escolheria o sítio".
Acreditando mais em atributos antes imaginados que nessas (reais) contra-indicações, investi toda a minha vida nessa realização e (auto) elegi-me como um dos primeiros corajosos habitantes da Marginal Norte - pura e dura.
Os anos foram passando, a falência económica tomou conta de Peniche escarrapachando os "portões" ao superEGO dos SUPERmercadores, a Natureza começou a dar sinais de fadiga perante a inércia dos seus legais vigilantes e hoje moro (ainda) mais perto do mar - porque as escarpas não resistem à acção natural da erosão, agravada pelo mau uso que é permitido dar-lhe (apesar da existirem leis...) - o esgoto já não(?) desagua na praia do Porto d'Areia Norte, o nome do meu ilustre amigo Mariano Calado ficou posterizado na placa toponímica desta velha estrada com uma rotunda nova, por onde, diariamente, circulam os milhares de veículos que entram/saiem da cidade, para/do Instituto Politécnico, ou para/das duas grandes superfícies comerciais, assim como os grandes camiões de transporte - TRAZENDO o que de "mais barato há" para comermos, vestirmos ou utilizarmos.
Como se todas estas maravilhas não chegassem, hoje, há coisa de uma hora, até foi possível praticar parapente na minha rua.
Vejam lá se não sou um sortudo...!

1 comentário:

Anónimo disse...

É uma sorte grande mesmo!