domingo, 3 de agosto de 2014

Ser BENFIQUISTA (também) é isto


“…declaração de interesses: sou benfiquista desde que me conheço como pessoa e continuarei assim toda a vida. E é exactamente por gostar do meu clube, o maior de Portugal, que me indigno com o que lhe está a acontecer: a queda de um gigante por gestão «ambiciosa».

…Luis Filipe Vieira sempre habituou os benfiquistas a discursos populistas, insistindo em não fazer a separação entre ilusão/ambição e realidade, socorrendo-se nas glórias do passado para dar força à sua mensagem. Pelo meio, tem dado imenso jeito a passagem de Vale e Azevedo pelo clube, sendo qualquer opositor aniquilado por comparação com o passado (ainda) recente do Benfica.
…em mais de 10 anos de LFVieira, o Porto foi campeão nacional 8 vezes e na Europa ganhámos tanto quanto ganháramos nas décadas de 1990 e 2000: nada. Ganhámos ainda experiência numa prática que muito poucos questionam e que já se banalizou: a dos negócios com os fundos, a maioria dos quais pertença sabe-se lá de quem. Hoje em dia os jogadores pertencem a estes fundos e não aos clubes, o que torna mais fácil a especulação em torno do valor dos passes e os lucros de dirigentes e empresários e mais difícil o controlo do futuro dos jogadores pelos clubes.
Analisando tudo o que LFVieira tem dado ao Benfica com um modelo de gestão desadequado para a realidade portuguesa, é bom que a comunidade benfiquista comece a habituar-se a temporadas como a actual pré-temporada se tudo se mantiver assim: o poço secou, os dividendos (financeiros e desportivos) que se obtêm não são suficientes para garantir liquidez necessária para manter a máquina a funcionar (Portugal não tem dimensão para isso e o Benfica não tem a estrutura dos colossos europeus) e o passivo do clube é tão grande que (nem quero imaginar) o tamanho da queda que dará quando for ao tapete.”
Autor: Alexandre Guerreiro, 33 anos, jurista (Jornal Record)

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