terça-feira, 29 de dezembro de 2015

(en)Rabanadas

Tinha prometido a mim mesmo que na última época festiva deste ano pouco ou nada publicaria sobre assuntos doentios, agressivos à sanidade mental (minha e dos que fazem o favor de por aqui passar), quiçá inibidores da Felicidade sugerida por todo o lado e tornada um must nas saudações interpessoais.
Tinha até em mente escrever sobre o presépio na minha última prosa do ano. Porém a prenda armadilhada que nos caiu em cima não me deixa cumprir a(s) promessa(s) - pelo menos "ipsis litteris".
Então e para não profanar o seu sentido religioso, vou excluir as três principais personagens do presépio e falar apenas sobre os três animais mais relevantes que o compõem (na noite natalícia), comparando-os com os principais actores de uma certa vida real portuguesa:

A ovelha - todos quantos de nós temos acreditado na Crise que o "sistema" justifica para cortar salários, pensões e regalias direitos sociais, aumentando impostos, taxas e obrigações fiscais em contrapartida.
A vaca - ou a BANCA que, não fora a heresia, mais parece ser vaca sagrada porque, de facto, é quem tem merecido toda a atenção, protecção e figura de adoração institucional.
O burro - todos quantos de nós, apesar de todas as dúvidas que o(s) governo(s) - enquanto administrador (bem) aceite pelo "sistema" -  nos  tem suscitado ao longo da "revolução... em curso" continuamos insistindo no acreditar que a solução só pode passar pela mesma gente, pelas mesmas regras, pelo perpetuar da racionalidade do "sistema", ou seja, pela mesma m**** (Natal é Natal, não há desrespeitos). 
Resta-me agradecer ao jornal Expresso (Pedro Guerreiro e Isabel Vicente) o excelente trabalho publicado este fdsemana com o título "o diabo que nos impariu" - um hino à sem vergonhice institucional de leitura obrigatória. 

  

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