sábado, 20 de julho de 2019

Cinzentismos

A hipocrisia lusitana parece ter descoberto agora que, afinal, há racismo em Portugal. Então, vai daí, reduza-se tudo a "preto e branco"!
As opiniões
(umas mais corajosas que outras) dividem-se, mas não deixa de ser curiosa(...) a pandemia de daltonismo que, repentinamente, infectou a Sociedade portuguesa, especialmente a  mais (pseudo)moralista - tendencialmente mais progresssista, mas com  muitas subscrições conservadoras.
Agora, e parece que só agora, é que descobrimos que o "lusotropicalismo" era, e é, o placebo aceite como paliativo do racismo social e cultural que, uns mais que outros - e independentemente da raça, cor ou credo - sentimos, naturalmente,  de forma e intensidade diferentes.
É claro que o aproveitamento político da questão entrou na ordem do dia; é claro que os "political digital influencers" e os "snipers" partidários vão enchendo as páginas sociais de articulados prós e contras, enfim... nada que acrescente valor à eliminação do mito do "não- racismo" porque, contrariamente ao que se procura empolar,  em Portugal a Questão não será assim tão diferente da de outros países -  quer, principalmente, ex-colonizadores, quer ex-colonizados - onde "a democracia racial" (Brasil) ou "the colour blindness" (EUA, Reino Unido, Austrália, etc.) apenas terão reclassificado as formas de discriminação racial mais contemporâneas.




A forma de nos considerarmos "uns aos outros", será, apenas e naturalmente, uma questão cultural; mas, para as ainda muitas gerações vivas do século passado,  em primeiro lugar,
(ainda) há que vencer os constrangimentos biológicos intrínsecos aos quatro séculos da doutrina cromática da sociedade colonialista que não facilitam a eliminação definitiva do preconceito rácico, ficando-se pela tolerância - ainda longe do zero!

Sem comentários: