domingo, 19 de julho de 2009

Cagandacégada III

Nas minhas idas à praia, tem-me despertado a atenção o regresso de um antigo passatempo penicheiro; "o espião dos medões (duna de grande dimensões)" - o hoje vulgarizado mirone.
Nos anos sessenta do século passado, as praias de Peniche, especialmente as de maiores dunas, começaram a ser frequentadas pelas "francesas" - mulheres que não falavam português, e que, de uma forma extremamente desinibida, ofereciam ao sol o seu corpo quase nu e bem oleado com creme de côco, cujo perfume as identificava à distância.
Esta novidade aguçou a curiosidade da "malta da casa" e, então, começaram as rastejantes excursões aos medões para "espreitar as gajas nuas". Uns foram e vieram, outros foram e ficaram: para o(s) dia(s) e ano(s) seguinte(s).
Entretanto, a globalização de alguns costumes e a proliferação do audio-visual, generalizaram o erotismo e o mirone de agora já não será o simples curioso. Presentemente, o solitário predador visual das dunas será, provávelmente, um desiquilibrado sexual para quem, rastejar nas dunas, espreitar os corpos ou assistir a cenas eróticas, será a melhor forma de atingir o orgasmo - ou o seu "ponto G" mental.
Pena é que, hoje, pelas praias de Peniche ainda haja quem, desavergonhada e impunemente, assim incomode os veraneantes que as escolhem, não só pelas ondas.
Aos mirones, só não os mira quem não quer.
Eles estão aí, não são todos da casa, mas contribuem para mais uma cégada à penicheira.

E Viva o Carnaval !!!

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