quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Teimosia Portuguesa

" Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacosde vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, - reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta (...)

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta ate à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados (?) na vida intima, descambam na vida publica em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na politica portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro (...)

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do pais, e exercido ao acaso da herança, pelo primeiro que sai dum ventre, - como da roda duma lotaria.

A justiça ao arbítrio da Politica, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas;

Dois partidos (...), sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes (...) vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se amalgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, - de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar (...)"


Guerra_Junqueiro, in "Pátria", escrito em 1896

4 comentários:

Bruno disse...

Capacidade extraordinária de prever o futuro analisando o presente. Interessante é que um século depois está tudo na mesma, interessante não, é uma tragédia.

Cabo Carvoeiro disse...

As vezes dà a sensaçào que a alegoria da caverna, foi um português que a escreveu, nào sei porquê, talvez um prazer em sofrer, orgulho dos pobres, que admiram aqueles que os exploram, de outra forma nào consigo compreender e cada vez compreendo menos.

Manuel Leonardo disse...

alguem se lembra
Por manuel j . leonardo (IP: 24.84.216.34) em 28-08-2009 20:55 Responder
à Mensagem



Com o pedido de publicacao
no oeste em line

Eu sei que os meus comentarios nao sao dignos de atencao mas como sempre para bem de Peniche gosto de os lembrar e nesta ocasiao vem mesmo a calhar
Obrigado

A Voz do Mar



Peniche







Conselho da Cidade







Meu caro “Zé Munícipe “







Li com atenção a sua argumentação acerca do Conselho da Cidade e vejo-a como positiva mas tornar realidade o Conselho da Cidade era o mesmo que haver uma razia de peixe que muitos tentariam que fosse o mais barato possível e que muito fosse encaminhado para a tulha do guano ..



Amigo Zé



Municipe , sejamos realistas, Em Peniche até a este momento – sim disse momento – não tem havido ninguém que consiga agrupar um núcleo de desinteressados pessoais para ajudarem Peniche .



É difícil numa cidade pequena como Peniche organizar quadros civis que se prontifiquem a trabalhar graciosamente para uma causa que deveria ser uma honra para os seus participantes
Para um Conselho da Cidade seria preciso contributo técnico de uma meia dúzia de pessoas que pudessem entre si votar em grupo compacto para analisarem profundamente todos os problemas que a pouco e pouco tem feito submergir a economia de Peniche .



Na teoria Peniche move-se harmoniosamente nas prospectivas de quem nos tem governado desde há muitos anos . mas na prática Peniche estagnou desde há muitas décadas . Este adormecimento profundo tem levado a que vereações após vereações tenham adormecido com o murmurar das ondas das praias e nem os temporais que ciclicamente batem com força no mexilhão das rochas os fazem acordar .



Há dificuldade para renovação dos membros autárquicos com competência e amor ao trabalho que se propõem fazer , e chegados ao poder começam cedo a fazer o que todos os outros fizeram , aclimatizam-se com facilidade à cadeira que continua quente com projectos falhados ,outros ao sabor dos interesses do grupo daqueles que pensam que quanto mais o trabalho for dificultado mais têm a sensação que trabalham fortemente para bens de alguns .



Com estas situações quem quererá lutar de coração aberto , e tentar – digo tentar –



alterar o rumo sem Norte que Peniche se encontra ? . O idealismo é muito bonito mas temos que ser realistas



Não concordo que a própria Câmara fizesse boicoto ás paginas da Voz do Mar se houvesse a possibilidade de que a existência de um Conselho da Cidade fosse uma realidade em Peniche , seria o cumulo que nunca aceitarei que pudesse chegar a realidade . Quanto à Câmara ser o principal empregador da população de Peniche também não seria nada favorável ás aspirações do Conselho da Cidade .



Não haveria de facto a imparcialidade necessária para que o medo que hoje se nota, mesmo que só se trate dos Amigos de Peniche por exemplo ,as reacções são negativas , provem-me o contrario .



Haveriam mais factos importantes a exemplificar e se necessário serão demonstrados com provas irrefutáveis que demonstram bem uma Câmara que sempre se mostrou incapaz de ouvir pessoas com a voz da razão .. Era quase impossível ao Conselho da Cidade se fazer ouvir .



Levará ainda muitos anos –décadas - infelizmente a mudar a mentalidade agressiva que se nota na nossa Câmara Municipal e se reflecte nos serviços que deveriam andar mas não andam .



Sequelas dos tempos antigos ? Talvez , direi eu .

Manuel Leonardo disse...

Quanto “ A Voz do Mar “ não conseguir exercer o 5º poder eu também lamento que os colunistas da Voz do Mar , não tenham uma faceta mais critica sobre os assuntos que fortemente atrasam o desenvolvimento de Peniche ,pois somente com a contribuição activa daqueles que periodicamente escrevem no Jornal poderíamos todos em conjunto exercer o chamado 5º Poder .



Amigo “ Zé Munícipe “ todos nós conhecemos a sua tenacidade quando luta por um ideal ,deste modo continue caminhando em frente e mostre aos cépticos como eu que estamos enganados . Pela minha parte diga-me como poderei ajudar a “ mani-pular , ideias e pessoas “ que mesmo pouco acreditando lutarei também por esta causa.



Com respeitoso abraço , sou o







Manuel Joaquim Leonardo







Peniche 11 de Junho de 2005