A crer na última página do jornal "A Voz do Mar" da passada 6ª-feira (26/7), o secretário geral do PCP, senhor Jerónimo de Sousa, no encerramento do almoço convívio oficializando a candidatura comunista às eleições autárquicas no concelho de Peniche, terá afirmado:
-"Peniche era um concelho esquecido e atrasado, mas com a gestão CDU (comunista, sabem?) Peniche está no centro das atenções e é uma terra que vale a pena".
Ora, não sendo "A Voz do Mar" propriamente um jornal da campanha CDU ou um apêndice do "Avante", é natural que haja (felizmente, muitos) penicheiros a esquentar neurónios à procura de uma pontinha de verdade nestas afirmações, sabendo-se que a CDU (vulgo TóZé & Cª) vem gerindo o município de Peniche desde 2006.
Antes já havia o IP6, o actual porto de pesca estava concluído e entre os 3 primeiros do país, os 10 bairros de habitação social existiam (para turistas?), tínhamos um hospital (na verdadeira acepção da palavra), a electricidade, água potável e o saneamento básico cobriam todo o concelho, existiam a ETA (estação de tratamento de águas) e as ETARs (estações de tratamento de àguas residuais), a maioria das escolas estavam recuperadas, a barragem de S. Domingos era um sonho realizado, o tecido industrial ia (muito) para além das actuais 2 conserveiras, 2 hortofrutícolas, 2 empresas de congelados, uma fábrica de plástico expandido e um estaleiro naval, o comércio local não eram as actuais 6 ou 7 lojas chinesas e "5 sítios do costume", a construção civil não vivia de biscates, o parque à entrada da cidade era uma obra em conclusão, o Fosso das muralhas idem, idem, as Rendas de Bilros não eram só coisa da história local e nas praias já havia, ao menos, bandeiras da "olá"? com o surf impraticável por falta de ondas? enfim... Peniche, de facto transbordava de atraso.
Tamanho era o esquecimento que, não fossem as excursões dos sindicatos "CGTPs", dos MURPI's e as visitas organizadas pelos movimentos anti-tudo-que-não-seja-PCP ao santuário da resistência comunista (como entenderam apropriar-se) à Fortaleza da cidade, Peniche nem no Google viria referenciado e os penicheiros morreriam de isolamento.
Ainda bem que a CDU (comunista, sabem?) percebeu este caos: "TóZé & Cª" (democraticamente eleitos, diga-se) chegaram ao poder local, puxaram Peniche para a modernidade e para o centro das atenções com um simples toque de mágica a que, nós penicheiros ingratos, chamamos de espectáculo ou, em surf language "the coolest mayor on tour".
Pois é, senhor Jerónimo de Sousa, Peniche sempre foi daquelas concelhos em que os autarcas (alguns, comunistas) primavam pelo trabalho sem precisarem de muito espectáculo. Depois... bem, depois, veio a sua trupe e inverteu a arte de bem governar esta autarquia. Se o senhor e o seu partido não sabem, os penicheiros sabem-no.
Podem fingir que não, mas sabem!