terça-feira, 13 de maio de 2014

Peniche e a Fortaleza do nosso(?) contentamento

Que a fortaleza de Peniche é um imóvel classificado como monumento nacional, todos sabemos. E todos sabemos, também, o seu significado histórico como ícone da resistência ao fascismo derrubado em 25 de Abril.
Ora, por isto mesmo, a Fortaleza de Peniche deveria continuar a ser apenas Monumento Nacional.
No entanto, várias tentativas têm sido (e continuam a ser) feitas para a sua nobilitação em regime de (quase) exclusividade enquanto "santuário" do comunismo em Portugal. Campanha, compreensível e naturalmente orientada pelo PCP: ou interpretada pelos seus representantes locais, ou através das suas estruturas (legalmente) apartidárias, ou, como no presente, pelo poder legítimo do executivo comunista na Câmara Municipal.
Assim sendo, não estranhei, há uns vinte e tal anos - enquanto autarca, as pressões políticas e movimentações dos penicheiros comunistas,  assim como, ao longo dos últimos anos, as notícias do jornal Avante sobre protocolos assinados entre a CMP e associações cívicas, nem, mais recentemente, as obras de recuperação do monumento a cargo da Câmara Municipal.
Claro que hoje também não me surpreenderam as notícias na "Voz do Mar" (de 9 de Maio) sobre a Fortaleza de Peniche enquanto palco de operações da revolução do 25 de Abril e por isso naturalmente (bem) enquadrada nas comemorações do seu 40º aniversário. 
É minha opinião que, apesar de tudo, mais vale existirem actividades de consensualidade duvidosa naquele espaço, do que trancar as portas e privar os nossos visitantes da história do local, mesmo que ferida de parcialidade.
Tendenciosa ou não, a verdade é que a inércia das maiorias e dos que a ela se aconchegam não justifica a crítica às minorias que, organizadas, são grandes activistas das suas causas.
Portanto, se calhar, em Peniche temos a Fortaleza que merecemos!



2 comentários:

José Carlos Romão disse...

É bem verdade, várias forças nacionais ligadas ao PCP (em especial a URAP) têm desenvolvido um dedicado trabalho de promoção da Fortaleza como memorial à repressão fascista. E sim, são forças exteriores à população de Peniche, que estão a lutar para que este monumento ganhe uma função que não interessa aos penichenses. No entanto, será que alguma coisa interessa aos penichenses? O mais natural é que quem tiver a vontade, e acima de tudo, o dinheiro, faça com a Fortaleza aquilo que quiser, desde pousada a memorial. Como está atualmente é uma vergonha e uma subutilização de um espaço excecional.

Carlos Tiago disse...

Tal como tu prefiro ver vida na Fortaleza. Tivemos a oportunidade de na extinta J.F.de S. Pedro fazermos lá as celebrações do dia de S. Pedro. Fizemos exposições(não políticas), Grupos Corais (não políticos), Grupos Musicais (não políticos) e Baile (imagine-se). A nossa política era dar vida aquele excepcional espaço. Agora uns dormem e outros não param. Depois queixamse de quê?