segunda-feira, 13 de junho de 2016

A gayola do preconceito

A gente sabe que, supostamente, onze milhões de portugueses andam "ocupados" com a mialgia do Quaresma, com as dores musculares do Ronaldo e com a baixa forma do "canito" Moutinho.
Camões e santo António também não ajudaram nada com o tamanhão do fim-de-semana proporcionado.
Mas porra, gente, houve um atentado nos States: na cidade de Orlando um terrorista matou cinquenta pessoas e feriu mais cinquenta e três.
Por onde andam os zeladores internéticos destas lamentáveis atrocidades, tão (justamente) céleres e solidários no massacre Charlie Hebdo, no último 13 de Novembro em Paris, e, mais recentemente, do 22/Março em Bruxelas?
Em férias ou fim de semana prolongado, todos? Distraídos com o Euro/2016, os tremoços e as mines?  Ou têm medo de vestir as cores do arco íris, à semelhança do que fizeram com as cores das bandeiras francesa e belga?
É verdade que o terrorismo deveria ter sempre a mesma consideração, independentemente do local e das gentes contra quem é perpetrado. E não é assim por razões a que não será alheia a globalização da hipocrisia.
Mas, neste caso na cidade de Orlando, porque as vítimas eram frequentadoras de um night-club da comunidade gay americana, o silêncio que todos temos ouvido soa mais a razões homofóbicas - o que é estranho num país (supostamente) tão aberto à diferença como o nosso.
Pois, aberto... mas, se calhar, apenas institucionalmente. Culturalmente, falar sobre homossexualidade ainda é tabu, especialmente porque, adaptando Antonio Aleixo: "há muitos que não se conhece, que não parecendo o que são, são aquilo que parece." 
   


  

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