No tempo em que haver um chinês em Portugal nos deixava de olhos em bico - tal era a raridade - um certo senhor oriundo dos confins da China emitiu, em contexto social (melhor dizendo,
institucional), a sua opinião acerca de Portugal e as diferenças com o
seu país natal; mais especificamente, o facto de os portugueses gostarem
muito de santinhos. Afirmou, portanto, que “em Portugal, muitos santos, santos, muitos. Na China, não há santos. Na China, só putas”.
Perante o súbito silêncio de quem o ouvia, e percebendo que havia ali um mal-entendido, achou por bem repetir que “na China não havia santos, só putas”. E como a cara de espanto dos convivas se acentuava, desenvolveu: “Putas, putas, muitas putas. Na China, só putas, não santos”.
Embaraço geral. Subitamente, alguém mais sensível às diferenças
fonéticas entre as línguas percebeu que o senhor queria dizer “budas”.
Sim, na China há muitos budas, só budas, não há santos, é um facto.
Isto ocorreu há uns anos. Se fosse hoje, nem o chinês teria tanta dificuldade em fazer-se entender, nem os portugueses concordariam com a imaculada predominância local, face ao inumerável aparecimento diário de cada vez mais filhos das ditas cujas por esse país fora...
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