Em tempo de vivências sob o capricho de um (vírus) fdp que a todos infecta de forma tão violenta quanto desesperante, aqui deixo a minha proposta de audição de "O Fortuna" - uma peça da ópera(...) Carmina Burana, a cuja tradução só hoje cheguei, levando-me, também ela, à tese da estrita ligação do azar e da sorte ao poder inescapável do destino.
O Fortuna *
velut luna statu variabilis, semper crescis aut decrescis; vita detestabilis nunc obdurat et tunc curat ludo mentis aciem, egestatem, potestatem dissolvit ut glaciem. Sors immanis et inanis, rota tu volubilis, status malus, vana salus semper dissolubilis, obumbrata et velata mihi quoque niteris; nunc per ludum dorsum nudum fero tui sceleris. Sors salutis et virtutis mihi nunc contraria, est affectus et defectus semper in angaria. Hac in hora sine mora corde pulsum tangite; quod per sortem sternit fortem, mecum omnes plangite! |
Ó Sorte!
és como a Lua mutável, sempre aumentas e diminuis; a vida detestável ora oprime e ora cura para brincar com a mente; a miséria, o poder, ela funde-os como gelo. Sorte imensa e vazia, tu – roda volúvel – és má, vã é a felicidade sempre dissolúvel, nebulosa e velada também a mim contagias; agora por brincadeira o dorso nu entrego à tua perversidade. A sorte na saúde e virtude agora é-me contrária. dá e tira mantendo sempre escravizado. nesta hora sem demora tange a corda vibrante; porque a sorte abate o forte, chorais todos comigo! |
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