segunda-feira, 21 de abril de 2008

Memorial da Guiné

Reviver o passado é custoso. Doi-nos muito comparar o que somos e o que fazemos com o que fômos e o que fizemos. É uma dolorosa emoção: embarga a voz, humedece os olhos e faz com que a alma fique por ali, cataléptica, à espera de ordens do intelecto.
É sempre assim quando nos (re)encontramos com a história, a nossa história pessoal que, normalmente, tem episódios ou causas que nos ligam a outros como nós.
E depois dessa dôr, do embaraço de rever dois, cinco, dez e mais companheiros duma causa comum - cruel e violenta, que involuntáriamente fez parte da nossa vida - depois disso, vem a alegria contagiante com que cada um de nós quer partilhar o lembrar-se de si mesmo.
Foi assim, sábado passado (dia 19) no 1º Encontro dos Penicheiros Ex-Combatentes na Guiné; sem heroísmos nem falsos orgulhos, com humildade e respeitando tanto o passado como o presente.
Para a história de Peniche (se me é permitida a imodéstia) fica esta memória.

5 comentários:

Anónimo disse...

Recordar
Saudades, medos, o não ser
preciso perguntar algo em casa porque a expressão do olhar dependia dos aerogramas "quentinhos" ou das fotos que recebiamos. Digo "quentinhos" porque tinham chegado até à família naquela hora, no entanto éramos mergulhados num frio intenso em que o medo continuava a perseguir-nos, quando nos confrontavamos com a data longínqua em que o mesmo fora escrito e colocado no correio.
Impunha-se a dúvida!...Voltavam a humedecer os olhos, respiravamos bem fundo e como família unida quetinhamos em perigo um Bem Precioso, guardávamos cada um de nós em silêncio o comentário que nos feria a alma.
Hoje, mãe de rapazes, sinto-me feliz por viver numa época em que os posso ver crecer sem o terror do 24 de Abril 1974.

Abraço grande Mano

Anónimo disse...

Caro Zé Pedrosa
Deves ter entre os teus camaradas penicheiros, ex-combatentes da Guiné, um ex-Fur Mil Armas Pesadas chamado Joaquim Nogueira da Silva, que pertenceu à CART 2732 (1970/72). Ele teve a particularidade de ter chegado à Companhia já depois da nossa chegada à Guiné e foi o primeiro a regressar para vir a acompanhar as nossas coisas.
Se ele estiver por aí, dá-lhe um abraço do ex-Fur Mil Carlos Vinhal.
Um abraço também para ti e parabéns pelo teu Blogue.

Carlos Vinhal
Co-editor do Blogue Luís Graça

Luís Graça disse...

De um lourinhanense para um vizinho penicheiro: Zé Pedrosa, que sejas bem vindo ao blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.

Sei que fizeste de Peniche também a tua terra. Para além das relações de vizinhança, é o mar e a comunitária piscatória que me atraiem em Peniche e que dão o forte traço de personalidade a esta terra da costa estremenha. Ainda hoje, apesar das profundas mudanças do sector.

Parte dos meus antepassados, do meu lado paterno (os "Maçaricos", de Ribamar), estão ligados de há séculos ao mar, à pesca e à marinhagem... Mais uma razão, para além da Guiné, um dia destes nos conhecermo-nos pessoalmente.

Vou quase todas as semanas à Lourinhã, onde tenho casa e de vez em quando dou um salto a Peniche, para almoçar e passear. Um Alfa Bravo (abraço) do Luís Graça

http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2008/12/guin-6374-p3590-o-nosso-livro-de.html

Luís Graça disse...

Zé: Tommei a liberddae de escrever um poste a quatro mãos...


Vd. Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné

17 de Dezembro de 2008
Guiné 63/74 - P3639: Blogues da Nossa Blogosfera (11): Do Cerro do Cão, em Peniche, ao Apocalipse Now (José Pedrosa / Luís Graça)

Aqui fica um excerto:

(...) Este ano o José Pedrosa (Zé Pedrosa, para os amigos, penicheiros ou não, e que se autodefine como "ser humano, simplesmente") teve a felicidade de poder reunir todos camaradas, naturais de (ou residentes em) Peniche, que fizeram a guerra colonial / guerra do ultramar na Guiné. No seu blogue (que tem menos de um ano), escreveu um texto, singelo mas bonito, a marcar essa data, de 19 de Abril.

Espero, em breve, a sua companhia no seio da nossa Tabanca Grande. Espero também que ele nos possa relatar como foram os últimos meses da malta, no TO da Guiné, a seguir ao 25 de Abril. Gostaria, muito em particular, que nos ensinasse como é que se negoceia, com o inimigo de ontem, um campo de minas à volta de uma cidade...

Aqui fica um excerto do seu blogue, com a devida vénia... Devo acrescentar que não é um blogue centrado na experiência da Guiné, mas sim na sua condição de filho de Peniche, adoptado, e no exercício da sua cidadania.

Em troca deixo-lhe também, em roda pé, uma excerto de um poema (meu) sobre o meu pedaço de costa preferido, Paimogo, com as Berlengas, o Cabo Carvoeiro e Peniche à vista (...).

Manuel Carvalho disse...

Caro José Pedrosa

Sou primo do Ex Furriel José Paulo que era da sua companhia e julgo que do seu Pelotão.
falei-lhe do seu Blogue e do Blogue do Luis Graça do qual sou tabanqueiro há já alguns anos também estive na Guiné em 68/70 em Jolmete.Tenho um irmão o António Carvalho que esteve em Mampatá em 72/74 veio em Agosto de 74.No Blogue sou o Manuel Carvalho.

Manuel Carvalho