sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Poetas de Guerra

Na data que marca os 50 anos do início da Guerra Colonial, esta iniciativa levada a cabo pelo CES/Coimbra (Centro de Estudos Sociais) fez-me ir à "mala da tropa" rebuscar este poema(?) escrito em Fevereiro/74, poucos dias depois do meu baptismo de fogo na Guiné Bissau.
Hoje, dedico-o aos filhos de todos os que, por qualquer forma, "foram" a esta guerra.

Filhos:
Há os que nascem ricos, em cama dourada
e os que aparecem como se fossem nada.
Filhos:
Mestres, doutores e sei lá que mais são.
Uns nascem com tudo, outros... nunca não.
Filhos:
Os brancos de pele, mestiços de cor,
de Fé alugada e negros de amor.
Filhos:
Os da noite cinzenta, que à fria madrugada,
esperam pel' Aurora tantas vezes sonhada.
Filhos:
Os da guerra, que não fugiram à luta
cumprindo ordens filhas da puta.
Filhos:
Porque hoje o somos e amanhã pais seremos.
Às dores que ora damos, para nós não queremos.

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