sexta-feira, 10 de junho de 2011

Bold fora

Quando o Estado decidir (por ordem troikaniana) reajustar os nossos feriados nacionais, acho que o 10 de Junho deveria ser um deles.
Primeiro, porque é uma celebração que recorda a hipocrisia salazarista de homenagear os pais, as mulheres ou os filhos dos que obrigava a dar a vida por um regime que não respeitava a vida diferente da sua cartilha nacionalista.
Depois, porque Dia de Portugal (considerando que a sua fundação decorreu do Tratado de Zamora em 5 de Outubro de 1143) deveria celebrar-se em 5 de Outubro, acabando de vez com as reclamações de este ser dia da república ou da monarquia.
Ora, assim sendo, Camões teria de partilhar a sua importância com as dos outros monstros sagrados da cultura portuguesa a quem o país costuma dizer nada. Como, nada igual a nada, neste dia acabe-se o bold nos calendários.


Entretanto, aproveito o (ainda) significado deste dia para aqui fazer referência ao merecido vencedor do Prémio Camões 2011.

"Regresso devagar ao teu sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que não é nada comigo. Distraído percorro o caminho familiar da saudade, pequeninas coisas me prendem, uma tarde num café, um livro. Devagar te amo e às vezes depressa, meu amor, às vezes faço coisas que não devo, regresso devagar a tua casa, compro um livro, entro no amor como em casa." (Manuel António de Pina)

Sem comentários: