Quando, como há pouco, ouço a "balada do menino do bairro negro" cantada por Zeca Afonso, emociono-me sempre, porque não resisto a recuar ao ano de 1970 e ao acampamento de um grupo de rapazes pró-escuteiros(?) que durou duas semanas nas Berlengas.
E aí, entre outras coisas (fáceis de imaginar pela composição da foto) esta era uma das baladas a que, todas as noites, o Victor Gil dava música e voz e os restantes (eu, o Beta, o Roldão, o Hipólito, o Zé Leitão, o Romão, o Motinha e o Zé Puto - se a memória não me falha) emprestavam ao coro a maior desafinação possível.
Curioso é que acabo de lembrar-me de uma "balada" que (julgo) o Victor terá composto por essa altura:
"Não há gaivotas na minh'ilha. Não sei quem foi que fez o mar.
Vinde gaivotas prá minh'ilha. Pois sei quem foi que fez o mar."
3 comentários:
Touché! Que saudades desses tempos e dos amigos que ficaram e dos amigos que partiram. A ilha então era um espaço de liberdade simples, naif: não havia regulamento, reserva ou cabo mar. Quem se portasse mal era simplesmente colocado no barco de regresso... Não era preciso proteger gaivotas nem matá-las depois de protegidas a mais. Podíamos apanhar lapas e percebes, pescar e petiscar. Não havia proibição nem apanha clandestina e respectivo contrabando. Não havia politicos e ecologistas a todos os dias na tv a falar da ilha: só se ouvia o mar, e os pios das gaivotas nos intervalos do silêncio. Cantávamos músicas do Zeca tão antes dos tardo-democratas que oportu(namente?) apareceram e tomaram conta de tudo.
A foto é fantástica: éramos tão novos e tão magrinhos! Íamos certamente abastecer-nos de água com aqueles jerry-cans garrafonados portuguese-style. Da balada da ilha já nem me lembrava...É pá, passou-se tudo tão depressa! Grande abraço a ti e a todos!. Victor Gil
linda viagem ao vosso passado. conhecendo hoje alguns desses moços, imagino como seria divertido esse grupo pró-escuteiro...
vai lá, vai !!!
Estive largos minutos a olhar esta fotografia. Correram algumas lágrimas.
Ainda me lembro do que aconteceu na praia e quando lá fomos buscar o Zé Manel...
O Roldão, grande irmão.
Tempos maravilhosos.
Estou desconfiado que sei quem tirou essa foto com a máquina do Pedrosa.
Romão Machado
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