quinta-feira, 25 de julho de 2019

The 67th blues

À medida que a idade avança, aumenta o drama, não de ser velho, mas o de (ainda) nos sentirmos novos, ou o de muito querermos ser tão jovens na acção como ainda nos imaginamos.
Mas "ela" não perdoa, e todos os dias faz questão de se afirmar - ao espelho, num "ai" extemporâneo, num tremor inesperado, numa desmemória ou numa hesitação, em suma, numa qualquer indisposição que sempre procuramos desculpar(?) com a "puta da idade".
Seja como for, é-nos sempre grato, pelo menos uma vez por ano, passar um dia em que, apesar de acrescentarmos mais um número à vida, nos rodearmos do melhor que ela nos tem dado. E comigo tem sido pródiga nos amigos e, principalmente, na família - a maior razão de continuar a querer não ser velho, ou, como disse Vergílio Ferreira: "continuar a ser como música... mas num outro tom!"
É isso mesmo; não é preciso sambar, basta-me um tocar em tom de "blues" (de que tanto gosto).


  

terça-feira, 23 de julho de 2019

An englishman in Penixima


Momento "smartphoto" feliz ao encontrar esta maravilhosa personagem em pleno dia de verão cinzento na praia de Peniche-de-Cima  (leia-se Penixima) concentradíssimo nas perfomances surfistas de algum aluno (provavelmente seu familiar) das turmas que ali tentavam aprender a inventar drops em mar flat.

Não resisti, e, lembrando-me de Sting cantando "Oh, I'm an alien, I'm a legal alien" chamei-lhe "englishman in Penixima" 

sábado, 20 de julho de 2019

Cinzentismos

A hipocrisia lusitana parece ter descoberto agora que, afinal, há racismo em Portugal. Então, vai daí, reduza-se tudo a "preto e branco"!
As opiniões
(umas mais corajosas que outras) dividem-se, mas não deixa de ser curiosa(...) a pandemia de daltonismo que, repentinamente, infectou a Sociedade portuguesa, especialmente a  mais (pseudo)moralista - tendencialmente mais progresssista, mas com  muitas subscrições conservadoras.
Agora, e parece que só agora, é que descobrimos que o "lusotropicalismo" era, e é, o placebo aceite como paliativo do racismo social e cultural que, uns mais que outros - e independentemente da raça, cor ou credo - sentimos, naturalmente,  de forma e intensidade diferentes.
É claro que o aproveitamento político da questão entrou na ordem do dia; é claro que os "political digital influencers" e os "snipers" partidários vão enchendo as páginas sociais de articulados prós e contras, enfim... nada que acrescente valor à eliminação do mito do "não- racismo" porque, contrariamente ao que se procura empolar,  em Portugal a Questão não será assim tão diferente da de outros países -  quer, principalmente, ex-colonizadores, quer ex-colonizados - onde "a democracia racial" (Brasil) ou "the colour blindness" (EUA, Reino Unido, Austrália, etc.) apenas terão reclassificado as formas de discriminação racial mais contemporâneas.




A forma de nos considerarmos "uns aos outros", será, apenas e naturalmente, uma questão cultural; mas, para as ainda muitas gerações vivas do século passado,  em primeiro lugar,
(ainda) há que vencer os constrangimentos biológicos intrínsecos aos quatro séculos da doutrina cromática da sociedade colonialista que não facilitam a eliminação definitiva do preconceito rácico, ficando-se pela tolerância - ainda longe do zero!

terça-feira, 16 de julho de 2019

O (en)Cantar do galo


Nas últimas dez semanas cruzámo-nos pr'aí meia centena de vezes - sempre muito respeitosamente; de tal forma que nunca mais fui capaz de pensar sequer em arroz de cabidela.
É claro que este tipo de "affaires" vai criando dependências e, dia de visita em que a demora do encontro era inabitual, eu já não me sentia bem. Entretanto, hoje, à saída (com boas expectativas no bolso), passando por ele saquei do smartphotofone e em jeito de despedida foquei-o enquanto silenciosamente gritava: "até à daqui a três meses, galaró!"
E, querem saber? Não é que o bicho, parecendo reconhecer-me, esticou o pescoço e em bicos de pata cantarolou - no seu tom mais melodioso - uma sinfonia de cinco ou seis notas galináceas que eu tomei como um afectuoso voto de felicidades.
... e de (muita) esperança!