quarta-feira, 28 de maio de 2008

Memórias de Maio

Em Portugal, há 82 anos, a crise financeira da época, a participação na 1ª Guerra Mundial, os receios do socialismo marxista russo e o mau relacionamento Estado/Igreja, causavam grande instabilidade política e emocional.

Os militares de maior patente, e de formação católica, ansiavam pelo regresso a valores morais e éticos menosprezados pelo regime “republicano-maçónico”, catalizando, entre eles, a ideia de um movimento politico anti-regime, que originasse um "governo forte" para melhor defender os interesses nacionais em moldes tradicionais.

Para o dia 28 de Maio de 1926 estava marcado para Braga uma reunião católica (Congresso Mariano), que congregaria naquela cidade importantes figuras políticas e militares, desde o republicano Cunha Leal ao "conspirador" general Gomes da Costa.

Na madrugada desse dia, inicia-se a sublevação com grande apoio civil: uma coluna militar chefiada por Gomes da Costa parte sobre Lisboa, pondo fim à Primeira República, dando origem ao período da Ditadura Militar. Suspensa a Constituição de 1911, o país fica mergulhado num interregno constitucional.
A ditadura que se instaurou foi um passo para que António de Oliveira Salazar aparecesse como salvador da pátria, enquanto Ministro das Finanças, ao resolver a crise financeira até então instaurada em Portugal. A sua ascensão levou o país ao conhecido período do Estado Novo, a uma reforma Constitucional radical - com a Constituição de 1933, autoritária (seguindo modelos fascistas), à criação do partido único - a União Nacional, símbolo desse autoritarismo, assim como à criação de uma polícia política, que controlava e reprimia toda a actividade política dos cidadãos.

Hoje, algumas semelhanças políticas e emocionais justificam o clima depressivo em que vivemos. Mas, daí a sonhar pelo regresso à época salazarista …?

Isso nunca poderá ser um sonho. Será sempre, sempre, sempre um pesadelo !


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