Hoje, a caminho da capital do reino, com o rádio sintonizado na Antena 1 ouvi senti, como nunca tinha sentido, o peso significante da "menina dos olhos tristes" de Zeca Afonso/Adriano Correia de Oliveira.
Durante mais de meia hora (até parar o carro) passaram por mim os dias, os meses, os anos de terror que a espera pela servidão militar me fez passar: o medo da guerra, o temor de ser estropiado, o receio da morte.
Sei, sempre soube, que a família sofria do mesmo pavor - em surdina para não me assustarem (?). Sei, sempre soube, como esta inevitabilidade era aceite em "casa". E sei, sempre soube que, como nós, milhares de portugueses sofriam exactamente a mesma dor por antecipação.
Foi assim durante doze anos. Foram muitas as "meninas de olhos tristes", os "senhores pensativos", as "senhoras de olhos cansados", e os "amigos tristes" a chorarem a morte de 8.290 jovens portugueses e os milhares de deficientes sobrantes do espólio da guerra colonial.
- Não há comparação possível com a "guerra" que hoje muitos jovens travam com uma nova forma de colonialismo - o económico, pensei!
É que apesar de tudo, hoje "a lua que é viajante, é que nos pode informar, o soldadinho já volta" (se quiser, claro!)
É que apesar de tudo, hoje "a lua que é viajante, é que nos pode informar, o soldadinho já volta" (se quiser, claro!)
1 comentário:
A mensagem deve passar às gerações posteriores, houve medos, sofrimento, angustias, muitas perdas, a penitência manteve-se,sem rosto,sem voz, sem esperança. Para muitas familias restou-lhes o negro do luto e solidão por companhia. A ti aquele abraço apertadinho cheio de missangas coloridas para recordar.
Enviar um comentário