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(Foto de Jorge Guerreiro) |
Confesso que não era nada disto que hoje pensava escrever sobre o 25 de Abril.
Mas o crescente desinteresse que todos nós começamos a manifestar pela coisa política é tão preocupante como preocupante vem sendo o desinteresse que os políticos revelam pelos que (ainda) votam na esperança de prolongar a vida aos ideais que a revolução de Abril prometeu.
Sabida que é a nossa habilidade para a crítica fácil, para o bot'abaixismo gratuito e indisponibilidade cívica, restava-nos a consolação de que, pelo menos, os corajosos (porque alvos preferenciais dos cobardes apolíticos) servidores do sistema democrático nascido em Abril/74 manifestassem alguma solidariedade institucional através da sua presença nos actos simbólicos da sua comemoração em Peniche.
Se em anos anteriores não tem sido assim, o dia de hoje não fugiu à "regra" e piorou.
O concelho de Peniche tem oitenta e três eleitos em efectividade de funções autárquicas diversas, tem representações instaladas da PSP, GNR, SEF, Marinha Portuguesa. Tem Tribunal Judicial, Escolas Básica, Secundária e Superior, Hospital e Centro de Saúde, Bombeiros Voluntários, Junta A. Portos e Docapesca, Autoridade Tributária. E se, apenas
metade desta representatividade, tivesse participado, hoje, na sessão solene das comemorações do 41º aniversário do 25 de Abril, a Capela de Sta. Bárbara na Fortaleza de Peniche estaria de lotação completa...
Não estava. Os autarcas, as autoridades, os delegados aproveitaram o feriado e feriaram.
Mas houve quem (os "resistentes do costume"), pelo menos, quisesse honrar Abril/74.
Felizmente, ainda há quem acredite que Abril merece a pena e não o queira deixar caír!