terça-feira, 27 de julho de 2010

O diplomata chorinhas

Uma das imagens do 25 de Abril de 1974 que eu retenho, apesar de nunca a ter visto, ficou para a história da revolução dos cravos, contada por um oficial militar revolucionário: "... Salgueiro Maia entra no quartel do Carmo exigindo falar com Marcello Caetano. Numa antecâmara, Rui Patrício chora como uma criança".
Para mim, esta cena foi das que melhor simbolizou a queda da ditadura. Porque só uma razão podia ter levado aquele tipo de actor do regime a chorar: a raiva.
Curiosamente, numa das minhas habituais visitas à tabanca grande encontrei um excelente artigo de Mário Beja Santos sobre Rui Patrício (o tal choramingas) e o livro onde resolveu contar à jornalista Leonor Xavier a sua versão de uma vida inteira, como, por exemplo:

“A Guiné era uma província pequena, que os movimentos de libertação, a que chamávamos terroristas, cercavam e atacavam através do Senegal e da Guiné Conacri.

“Trata-se de um assunto que ficou sempre mal esclarecido e muito controverso... Há hoje livros publicados sobre o assunto. Li neles que teria sido uma operação realizada pelos comandos portugueses chefiados pelo Alpoim Calvão”. (sobre a invasão da Guiné-Conacry)

A guerra tinha atingido patamares muito difíceis e, portanto, era possível que tivesse de ser encarada uma solução diferente na Guiné”. (sobre o encontro realizado em Londres -Março/74 - entre a diplomacia portuguesa e o PAIGC)

“Nunca ouvi dizer isso, e o facto de até admitir esse contacto com o PAIGC seria porque preferia evitar precisamente qualquer coisa que fosse uma derrota militar”.(sobre Marcello Caetano e uma derrota militar na Guiné)

E então, passados 36 anos, acham os meus amigos que o choro era de quê?

1 comentário:

jkimilas disse...

em 2 dias duas viagens ao teu passado guineense...

isso é do calor ou anda por aí a síndrome da guerra?