Até àquele dia, entre os velhos reformados que de
manhã se juntavam à volta do lago do jardim da Celeste – assim por eles chamado
em honra de uma linda mulher que nos seus tempos de juventude ali se passeava,
namorando apenas com quem lhe oferecesse um cigarro - era mais que muita a monotonia do seu passar
as horas: lembrando coisas de tempos
idos há muito, recordando imagens, cenas e histórias de vida em que cada um deles tinha
sido actor principal.
Até àquele dia, já nenhum
deles reparava que o lago ficara seco, vazio de patos e pombos, mas enxameado das
gaivotas “merdosas” que, a pouco e pouco, haviam colonizado a cidade.
Até àquele dia, ninguém
tinha cumprido as promessas de os reanimar com actividades mais reagentes ao tédio deprimente
por que passa a “espera”.
Foi então que, por
iniciativa de um grupo de filhos da terra, o lago foi cheio de água e plantas
e, bem no meio, colocada a estátua de uma linda mulher de onde, serenamente,
brotava um repuxo de água.
“Olha, a Celeste virou
estátua. E linda !!!” - comentaram felizes
os fumadores de há cinquenta anos atrás. Muitos dos quais, só naquele dia, perceberam porque
tinham pegado num cigarro...
1 comentário:
Simplesmente...............LINDO.
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