terça-feira, 11 de novembro de 2014

O jardim da Celeste



Até  àquele dia, entre os velhos reformados que de manhã se juntavam à volta do lago do jardim da Celeste – assim por eles chamado em honra de uma linda mulher que nos seus tempos de juventude ali se passeava, namorando apenas com quem lhe oferecesse um cigarro -  era mais que muita a monotonia do seu passar as horas:  lembrando coisas de tempos idos há muito, recordando imagens, cenas e histórias de vida em que cada um deles tinha sido actor principal.
Até àquele dia, já nenhum deles reparava que o lago ficara seco, vazio de patos e pombos, mas enxameado das gaivotas “merdosas” que, a pouco e pouco, haviam colonizado a cidade.
Até àquele dia, ninguém tinha cumprido as promessas de os reanimar com  actividades mais reagentes ao tédio deprimente  por que passa a “espera”.


Foi então que, por iniciativa de um grupo de filhos da terra, o lago foi cheio de água e plantas e, bem no meio, colocada a estátua de uma linda mulher de onde, serenamente, brotava um repuxo de água.
“Olha, a Celeste virou estátua. E linda !!!” -  comentaram felizes os fumadores de há cinquenta anos atrás. Muitos dos quais, só naquele dia, perceberam porque tinham pegado num cigarro...

1 comentário:

Carlos Tiago disse...

Simplesmente...............LINDO.