quinta-feira, 14 de abril de 2011

Lusitana paixão

Já tenho idade suficiente para nunca ter certezas. Portanto, se me oferecem qualquer solução teórica para males da vida, já sei que a realidade ficará aquém do prometido.
Porque pessimista por natureza, foi sempre com algum cepticismo que encarei as promessas - viessem elas do psicotécnico, da bruxa que me leu a sina, do farmacêutico, do patrão, do presidente do SLBenfica, do filho da séria, do bastardo da "outra", do Abril/74 e seguintes, das Esquerdas/Direitas (um dois), da CEE/UE.
Esta minha filosofia tem vindo a crescer nos últimos anos, especialmente no que à vida portuguesa diz respeito e, se o actual estado da Nação resultou de muitas promessas não cumpridas e do cumprimento de muitas coisas não prometidas, o certo é que muito pouco se sabe sobre a verdade deste país: chame-se-lhe teoria da conspiração ou a eterna disputa entre lojas e igrejas.
Mas hoje, o que me abriu a prosa foi o resultado do miserabilismo a que chegámos com as cenas protagonizadas pelos nossos políticos - eleitos é certo, mas cada vez menos solidários para com quem os elegeu.
Tão miseravelmente nos temos portado que alguns dos nossos irmãos europeus já questionam (para não dizer recusam) a sua participação no processo de resgate económico-financeiro português.
Casos como o alemão e o finlandês manifestam bem o quanto, nós e, principalmente, os nossos governantes, fizemos desvalorizar o país aos olhos da mãe Europa - prenha de problemas tão grandes que podem parir monstros de consequências incalculáveis.
Por esta crescente desunião europeia é que eu, cada vez mais, me convenço da vitória americana na guerra (em surdina) do dólar/euro.
Então, restar-nos-á acompanhar os islandeses na calotice, abandonar a Europa económica (arrastando mais uma mão cheia de países tesos como nós) e virar-nos para quem nos fizer bem (ou menos mal) - sejam chineses, brasileiros, angolanos, russos, timorenses, marroquinos, eu sei lá...
Ah, e a Europa dos ricos que espere, se quiser. Se não quiser, invada-nos (como histórica e ciclicamente lhes é hábito) e fiquem com isto.
Ou, dizendo de outra forma: executem a hipoteca - pode ser que sintamos a coragem dos nossos antepassados lusitanos e, "entre as brumas da memória, ó pátria sente-se a voz dos teus egrégios avós ... às armas, às armas, contra os bretões marchar, marchar!"

2 comentários:

jkimilas disse...

desta vez mereces um abraço.

Anónimo disse...

estou contigo, meu irmão