domingo, 27 de abril de 2014

r.i.p. Vasco Graça Moura


Talvez digas um dia o que me queres,
Talvez não queiras afinal dizê-lo,
Talvez passes a mão no meu cabelo,
Talvez eu pense em ti talvez me esperes.

Talvez, sendo isto assim, fosse melhor
Falhar-se o nosso encontro por um triz
Talvez não me afagasses como eu quis,
Talvez não nos soubéssemos de cor.

Mas não sei bem, respostas não mas dês.
Vivo só de murmúrios repetidos,
De enganos de alma e fome dos sentidos,
Talvez seja cruel, talvez, talvez.

Se nada dás, porém, nada te dou
Neste vaivém que sempre nos sustenta,
E se a própria saudade nos inventa,
Não sei talvez quem és mas sei quem sou.

sábado, 26 de abril de 2014

Cada terra com seu Abril

Ausente de Peniche, não pude assistir à habitual sessão comemorativa do aniversário do 25 de Abril promovido pela Assembleia Municipal de Peniche. 
Por isso, ontem fui "jogar fora". Quer dizer, ontem assisti às comemorações do 40º aniversário do 25 de Abril em sessão da A.M. de Guimarães.

Ainda que apreensivo com algumas notas quase a roçar o saudosismo reaccionário, vindas do(s) mesmo(s) lado(s) de onde têm vindo o desrespeito pela Constituição e o desprezo pela qualidade de vida dos portugueses, senti que, também ali, o espírito de Abril está vivo e para sempre. 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

As portas que querem fechar

Quarenta anos passados sobre a Revolução dos Cravos, a única (mas GRANDE) diferença é sentir que o entusiasmo e esperança com que abracei o "25 de Abril" deram lugar ao ódio quase inextinguível que hoje sinto por tudo e todos quantos, ano após ano, Abril após Abril, vêm destruindo a Democracia e, ao mesmo tempo, a dignidade dos portugueses crentes nas virtudes da soberania exercida por si próprios. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A minha escolha para o Dia Mundial do Livro

«Um momento, durante os primeiros meses que se seguiram ao 25 de Abril, houve a esperança de que realmente alguma coisa iria mudar. O Portugal revolucionário ia ser exemplo, um passo em frente para uma Europa nova, o país cuja sociedade garantiria a cada cidadão um lugar digno.
Mas quê? Em fins de 1975 as elites de agora são as mesmas de ontem, acrescentadas de uns poucos que, hábeis, subindo a tempo, ocuparam um lugar; diminuídas temporariamente da meia dúzia que, no estrangeiro, confortavelmente, aguarda dias melhores que muito certamente voltarão. Tal como na velha República de 1910, em que os ministros foram quinhentos, interessa ser ministro, garantir as benesses do amanhã.»


Os cravos simbolizaram a esperança, mas a foice que os cortou não foi, como por um instante se temeu, ou fingiu temer, a do papão comunista, sim a dos lobos que a traziam escondida sob o disfarce de cordeiros.»
J. Rentes de Carvalho




terça-feira, 22 de abril de 2014

Acabou(?)-se a palhaçada


A Câmara Municipal de Peniche,  resolveu ontem, através do gabinete de apoio ao seu presidente, por cobro às especulações lançadas sobre as obras em curso na Fortaleza de Peniche.
A crer na excelência deste "caderno de encargos" as dúvidas suscitadas parecem ter de esmorecer.
Esperemos que a obra, depois de executada, tenha a mesma qualidade do escrito.
Peniche agradece!

Comunicado da CMP

domingo, 20 de abril de 2014

Páscoa feliz.


Desligue o iphone.
Acredite no coelhinho (ao menos hoje).
Coma chocolate.
Roube a azeitona do prato ao lado.
Abuse da sobremesa.
Beba vinho e tome cerveja.
Abrace quem você não vê há tempos.
Beije quem você tanto ama.
Pergunte sobre a vida, o tempo, a casa.
Conte piadas, lembre histórias, relembre segundos.
Saiba sobre os amores, gostos e desgostos.
Sorria, ria, gargalhe.
Afinal, é domingo.
Afinal, é Páscoa.
Mais um dia para se ser feliz.
Experimente hoje. Vai ver que não custa.
E que vai querer ser feliz mais vezes... sempre!

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Sai uma bica !!!

Um bêbado entra num bar e pede ao balcão três cafés:
- Três cafés? - pergunta, atónito, o empregado.
- Sim, um para mim, outro para ti e outro prá *#*# da tua mãe!!!
No dia seguinte, o mesmo bêbado repete o mesmo pedido, no mesmo café e ao mesmo empregado:
- Três cafés... - Três?...
- Sim .. Três ... um para mim, outro para ti e outro prá *#*# da tua mãe!!!
Desta vez o empregado "passou-se", saiu do balcão, agarrou no bêbado e deu-lhe uma sova e peras!
No dia seguinte, todo entrevado, o bêbado vai na mesma ao café, dirige-se ao balcão e o empregado com um sorrisinho cínico pergunta-lhe:
-Então, três cafezinhos, não é verdade?....
-Não. - Responde o bêbado.
-Só dois: um para mim e outro prá *#*# da tua mãe!
- Pra ti não, porque o café altera-te o sistema nervoso...


sexta-feira, 11 de abril de 2014

O soft power sagrado salazarista

Como foi visto ontem, don@ Assunção, do alto da sua cadeira de alta dignitária da Nação, alardeando (de novo) a sua disfuncionalidade, anunciou publicamente a negação da palavra aos representantes da Revolução na cerimónia da A.R. comemorativa do 25 de Abril.
Não sei porquê, mas, às vezes (e começam  a ser muitas vezes), dou por mim a reflectir neste beliscar da Liberdade que, sorrateiramente, vai acontecendo, levando a um inevitável inconseguimento frustracional da Democracia, preparando-nos para o regresso ao passado...

  


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ser como o Pinóquio

... e por falar em Pinóquio, senhor secretário de Estado, lembra-se desta história, não lembra?
                                         Só pode, claro!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Já vomito BPN



Há coisa de uma semana, na Biblioteca Municipal, perante uma dúzia de colegas da Oficina de Escrita Criativa, fui desafiado a revelar uma das coisas que eu menos gostasse. 
A minha resposta, talvez condicionada pelo ambiente cultural envolvente, foi a Ignorância - pensando na forma desprezível como a Educação e Cultura continuam a ser ministradas às gentes portuguesas, com os resultados que se conhecem sempre que são tornadas públicas contas estatísticas e inquéritos feitos. 
Naturalmente, a política tem aqui cabimento. E, apesar do respeito que sempre dou a TODAS as opiniões, passados 40 anos sobre o fim(?) do regime salazarento acho que continua a haver muito dessaber político por esse país fora e, pior, há multidões a deixarem que outros pensem, raciocinem e ajam por si.
Talvez por recusar este culto, acreditem ou não, nunca perdi mais que um minuto a ver/ouvir os comentários semanais de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. (tal como, aliás, mais recentemente, os de Marques Mendes e de José Sócrates). 
Como bloguista, é claro que não ignoro os reflexos seguintes aos comentários de tão nobres artífices de opinião, cuja teorias políticas, levadas à prática, tão fracos resultados deram.
Aliás, é de uma dessas ressacas marcelistas que hoje aqui trato, ilustrando-a com a forma (nojenta) que já me causam o BPN, os seus apóstolos e Pilatos a quem toda a gente, parece, querer dar toalhas.

domingo, 6 de abril de 2014

Outros Cerros

Argumento: Século XV, D. Afonso, velho fidalgo ciumento, ordena que todos se afastem quando a mulher, D. Leonor, vai à igreja orar à virgem das Mercês, Um dia, é vista por outro nobre, D. Rui, que fica deslumbrado com a sua beleza. D. Afonso manda retirar a esposa para a quinta do Cabril, e decide ele próprio, apunhalar o rival à noite. Porém, o corpo desaparece misteriosamente.
Intérpretes: Artur Semedo - D. Rui de Cardena; Alves da Costa - D. Afonso de Lara; Helga Liné - D. Leonor; Raul de Carvalho - Gonçalo; Brunilde Júdice - Mécia; José Victor - Padre Lúcio; Carlos Wallenstein - Intendente; José Viana - Brás e ainda: Jaime Santos; Lucília Maio; Isa Olguim; Pereira Saraiva 
Realização: Fernando Garcia.
----------
Adaptação do popular conto de Eça de Queirós “O Defunto”, este filme realizado em 1954 por Fernando Garcia, além de ter um enredo interessante e que constitui  uma incursão invulgar no território do fantástico, foi muito mal recebido pelo público – foi pateado - diz Bénard da Costa – “A estreia dessa imposta e caríssima reconstituição de uma história ambientada no séc. XV, pode considerar-se uma data no nosso cinema, de tal modo a reacção do público foi hostil a tanta pompa e circunstância. Apesar da campanha crítica mais ou menos oficial e mais ou menos oficiosa de quantos, no interior do regime, haviam acariciado o projecto, o filme esteve apenas duas semanas em cartaz e foi quase diariamente pateado. Os tempos tinham de facto mudado e os sinos começavam a dobrar por obras que já ninguém queria ver e com quem já quase ninguém queria pactuar.” [Bénard da Costa; 1991: 105]

sábado, 5 de abril de 2014

Saturday night freedom


No anúncio da revista ou na obra de arte
Na foto do jornal ou na letra do encarte
Suíte do motel, sala do 'apart'
No meio, bem no meio o calor que invade

A libido está em toda
A libido está em tudo
A libido está em toda parte
A libido está em toda parte


Nas cabeças de Platão, Maquiavel e Descartes
No azul da atmosfera ou vermelho de Marte
Na porta do seu corpo ou porta-estandarte
No topo de um vulcão ou fulminando de enfarte

A libido está em toda
. . .

No mundo virtual ou na realidade
No 'hall' do elevador, na mão do biscate
No gesto do plebeu ou da majestade
Em quem chega cedo ou em quem já vai tarde

A libido está em toda
. . .


Pulsando na pureza ou na crueldade
Na ânsia do desejo ou na rivalidade
Às vezes até finge só amizade
Mas move o mundo inteiro sem dó nem piedade

A libido está em toda
. . .

No anúncio da revista, obra de arte
Foto do jornal, letra do encarte
Suíte do motel, a sala do 'apart'
No meio, bem no meio, que invade
Cabeças de Platão, Descartes
Azul da atmosfera, e de Marte
Na porta do seu corpo, estandarte
No topo de um vulcão, um enfarte

A libido está em toda
. . .