"Pode(mos) sempre experimentar..."
Foi assim, carregada de insinuações, a resposta de Maik à dúvida, meio desafiante (reviravoltas¿?felicidade), lançada por Miss Efe no último post da sua página do facebook.
Estava dado o sinal de partida para um relacionamento facebookiano; a partir daqui a interactividade electrónica de ambos enchê-los-ia de uma prazerosa sensação de bem estar, sempre apetecível, porque desafiante, replicada, cheia de emojis, stikers, gifs e tudo o que mais em redes sociais é conseguido.
Até que, um dia, Maik arriscou um 💘 em final de comentário... a que Miss Efe assentiu com um 😍 na resposta.
Provocação ou não, a verdade é que, pensou ele: "dali prá frente tinha de perceber até onde iriam; não tinham idade (supostamente) para surrealismos ou faits divers inconsequentes)."
Encharcado por uma estranha ansiedade, Maike dispara no messenger:
- Encontramo-nos amanhã?
- 👍 (respondeu Miss Efe).
- Pode ser almoço na Maison do Mar, às 13 horas? - convidou Maike.
- 👍 (repetiu ela).
- Ok! Beijo - fechou ele.
- 👄
No dia seguinte, último domingo de Outubro, depois de uma noite tão mal dormida como nos seus primeiros (velhos) tempos de paixonetas, Maike - pontual por adn - tomou o seu primeiro aperitivo sentado na mesa mais perto da janela virada ao mar, a mais afastada da zona requintada da Maison - estranhamente vazia.
Contados os primeiros quinze minutos no seu Rolex made in Morocco, pediu o segundo Martini Bianco - e a perna esquerda que não parava de traulitar...
À contagem seguinte, marcados mais vinte minutos - (já) matutando que Miss Efe lhe poderia ter dado "baile" - pediu o terceiro "bianco" e jurou: "daqui a um quarto de hora acaba-se o gozo da madame: ou vem ela ou vou eu!"
Foi ele.
Depois de um acesso extra de coragem, fixou, pela enésima vez, o olhar no relógio: "duas menos dez, chega!" - disse em voz alterada. Aproximou-se do balcão, rematou a espera com um último "qualquer coisa alcoólico com casca de limão", pagou a despesa e fugiu; envergonhado? de honra ferida? infeliz? Isso, infeliz! Afinal, contrariamente à foto por que "tudo" tinha começado, a reviravolta não lhe trouxera felicidade.
Uma hora depois, enquanto estacionava o carro à porta de casa, sentiu as badaladas do relógio da igreja vizinha. Duas badaladas? duas horas? mas o Rolex/Morocco marcava três da tarde...!?
- F*dsss!!! e o cabrão do contrabandista que me garantiu o acerto automático do relógio no dia da mudança de hora...!